Saúde • 11:44h • 25 de maio de 2025
Dieta Low FODMAP reduz sintomas gastrointestinais em mulheres com endometriose, revela estudo
Pesquisa mostra que a alimentação com baixo teor de FODMAP alivia dores abdominais, inchaço e melhora a qualidade de vida de quem sofre com a doença
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Universidade de Monash | Foto: Divulgação

Um estudo inédito da Monash University, na Austrália, revelou que a dieta Low FODMAP, já conhecida pelo tratamento da síndrome do intestino irritável (SII), também é eficaz na redução de sintomas gastrointestinais em mulheres com endometriose. Segundo a pesquisa, 60% das participantes que seguiram essa dieta apresentaram melhora clínica significativa, contra apenas 26% das que seguiram uma dieta controle, baseada nas diretrizes alimentares australianas.
Publicada na revista científica Alimentary Pharmacology and Therapeutics, a pesquisa aponta que além de aliviar dores abdominais e reduzir o inchaço, a dieta Low FODMAP também normaliza o funcionamento intestinal e proporciona uma melhora geral na qualidade de vida. A severidade dos sintomas foi 40% menor nas participantes que adotaram essa dieta.
De acordo com a pesquisadora Jane Varney, nutricionista sênior da Escola de Medicina Translacional da Monash University, essa é a primeira vez que se comprova cientificamente que a dieta Low FODMAP reduz os sintomas intestinais em mulheres com endometriose. “Seis em cada dez pacientes responderam positivamente à dieta, relatando alívio significativo dos sintomas gastrointestinais. Melhoraram dores, inchaço, o formato das fezes voltou ao normal e a qualidade de vida aumentou”, explica.
A endometriose afeta uma em cada sete mulheres australianas e é caracterizada pelo crescimento do tecido do endométrio fora do útero, causando inflamações, aderências e dores intensas, que impactam até funções básicas, como evacuar, ter relações sexuais e ovular. Mais de 75% das mulheres com endometriose também relatam sintomas gastrointestinais semelhantes aos da síndrome do intestino irritável, como dor abdominal, gases, constipação, diarreia e desconforto após evacuar.
O estudo acompanhou 35 mulheres diagnosticadas com endometriose e que sofriam com sintomas intestinais. Após uma semana consumindo suas dietas habituais, elas foram divididas em dois grupos: um seguiu a dieta Low FODMAP e o outro manteve uma dieta padrão, ambos por 28 dias. Depois desse período, elas retornaram às dietas comuns por mais 28 dias e, em seguida, inverteram os grupos, para testar os dois métodos.
A dieta Low FODMAP restringe temporariamente a ingestão de certos carboidratos fermentáveis, os chamados FODMAPs, sigla para oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis. Esses compostos não são totalmente absorvidos pelo intestino, fermentam e provocam acúmulo de gases, água e distensão abdominal.
A pesquisadora Rebecca Burgell, coautora do estudo e chefe do Serviço de Intestino Funcional do Alfred Health, destacou que, embora os sintomas gastrointestinais sejam extremamente comuns em mulheres com endometriose, eles ainda são negligenciados em diretrizes clínicas. “A maioria das orientações sobre endometriose sequer menciona esses sintomas e tampouco oferece recomendações sobre como identificá-los e tratá-los. O mesmo vale para as diretrizes da síndrome do intestino irritável, que não consideram o rastreio da endometriose”, alerta.
Os resultados da pesquisa reforçam a importância de considerar abordagens nutricionais como parte do tratamento da endometriose, especialmente para aliviar os sintomas intestinais, que muitas vezes comprometem profundamente a qualidade de vida dessas mulheres.
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