Responsabilidade Social • 12:02h • 25 de junho de 2025
Desmatamento na Amazônia ajuda a provocar casos de oropouche em outras regiões
Pesquisas científicas demonstram como o vírus, associado à Amazônia, espalha-se com força graças ao desmatamento e depredação ambiental
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Gov | Foto: Fiocruz

Dois estudos com participação da Fiocruz revelam como o vírus oropouche, antes restrito à Amazônia, avançou para o Sudeste em 2024, com casos registrados no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. O desmatamento e as mudanças climáticas foram apontados como fatores que favoreceram essa expansão.
Transmissível pelo maruim (Culicoides paraensis), o vírus causa sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya, como febre, dores no corpo e na cabeça. Segundo Felipe Naveca, da Fiocruz, a nova linhagem se espalhou rapidamente após encontrar um ambiente propício e originou novas sublinhagens fora da região amazônica.
No Espírito Santo, um dos estudos analisou 339 casos confirmados entre março e junho. A maioria ocorreu em áreas rurais com cultivo de cacau, pimenta e coco, ambientes favoráveis ao vetor. A análise genética revelou que os casos estão ligados a uma linhagem recombinante surgida na Amazônia. Em cerca de 11 semanas, o oropouche alcançou números comparáveis aos de dengue e chikungunya, com uma taxa de transmissão estimada de três pessoas por infectado.
No Rio de Janeiro, outro estudo identificou a sublinhagem OROVRJ/ES, também presente no Espírito Santo, o que indica intercâmbio viral entre os estados. O epicentro foi o município de Piraí, de onde o vírus se espalhou para a Região Metropolitana e o Norte Fluminense. A propagação ocorreu em curtas distâncias, favorecida pela proximidade entre comunidades e áreas de Mata Atlântica preservada.
Ambos os estudos reforçam a ligação entre mudanças ambientais e a disseminação do vírus, alertando para o risco de que ele se torne endêmico em regiões fora da Amazônia, como ES, RJ e MG. A vigilância genômica e a inclusão do oropouche nos protocolos de diagnóstico foram essenciais para a detecção dos casos.
Participaram das pesquisas equipes da Fiocruz, Ufes, UFF, UFRJ, UFMG, INI/Fiocruz e secretarias estaduais de saúde.
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