Responsabilidade Social • 14:59h • 07 de setembro de 2025
Desinformação e violência contra jornalistas marcam reflexão sobre o Dia da Liberdade de Imprensa
Garantida pela Constituição, a liberdade de imprensa segue sob ataques e exige reflexão sobre seu papel em 2025
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Foto: Arquivo/Âncora1

O 7 de setembro, tradicionalmente lembrado como o Dia da Independência do Brasil, também marca uma data menos conhecida, mas fundamental para a democracia: o Dia da Liberdade de Imprensa. Diferente da liberdade de expressão, que é um direito universal garantido a todo cidadão, a liberdade de imprensa é um pilar constitucional que respalda o trabalho jornalístico profissional.
Segundo o artigo 220 da Constituição Federal de 1988, a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação são livres, vedada qualquer forma de censura. Já o artigo 5º, inciso XIV, assegura o direito ao sigilo da fonte quando necessário ao exercício profissional. Esses dispositivos sustentam não apenas a autonomia, mas também a responsabilidade da imprensa em informar com rigor técnico, isenção e compromisso social.
Imprensa e expressão: diferenças que importam
Enquanto a liberdade de expressão assegura a qualquer indivíduo o direito de manifestar opiniões e pensamentos, a liberdade de imprensa diz respeito ao exercício profissional do jornalismo, que envolve métodos, ética e a observância de critérios técnicos para apuração e divulgação de fatos. Trata-se, portanto, de uma garantia que não serve apenas ao jornalista, mas principalmente à sociedade, que tem o direito de ser informada com qualidade.
No contexto atual, em que a circulação de notícias falsas e discursos polarizados ganha velocidade nas redes sociais, a imprensa profissional enfrenta o desafio de se diferenciar da mera opinião. O jornalismo precisa reafirmar diariamente sua relevância como mediador de informações confiáveis, capazes de contextualizar os fatos e oferecer múltiplos pontos de vista.
Desinformação e violência contra jornalistas
Dois dos maiores obstáculos à liberdade de imprensa em 2025 são a desinformação e a violência contra jornalistas. De um lado, a enxurrada de conteúdos manipulados nas plataformas digitais ameaça confundir a opinião pública e fragilizar o debate democrático. De outro, o exercício da profissão tem custado vidas: apenas no conflito em Gaza, mais de 200 jornalistas morreram nos últimos dois anos, segundo dados de entidades internacionais.
Esses números expõem a dimensão de um trabalho que, muitas vezes, é desempenhado sob risco real. O esforço de dar voz a diferentes lados, enfrentar narrativas oficiais e registrar a verdade em cenários de guerra ou crise é um lembrete doloroso de que a informação, em muitos lugares, continua sendo combatida como se fosse um inimigo.
Por que a liberdade de imprensa é essencial
Mais do que um direito corporativo da categoria, a liberdade de imprensa é uma garantia coletiva. Sem ela, a sociedade fica vulnerável à censura, ao autoritarismo e à manipulação de informações. O jornalismo profissional cumpre o papel de fiscalizar o poder, denunciar abusos, dar visibilidade a minorias e fornecer elementos que permitem ao cidadão formar sua própria opinião.
Para além da teoria, é possível listar alguns pontos em que a liberdade de imprensa se mostra indispensável:
- Garantia do direito à informação, sem censura prévia;
- Proteção das fontes jornalísticas, fundamental em investigações sensíveis;
- Transparência e fiscalização do poder público, fortalecendo a democracia;
- Combate à desinformação, com apuração rigorosa e contextualização de fatos.
O papel da imprensa no presente
Em 2025, o jornalismo vive um paradoxo: nunca houve tanta informação disponível e, ao mesmo tempo, nunca foi tão difícil distinguir o que é confiável. A velocidade das redes sociais, a polarização política e os ataques organizados contra a credibilidade da imprensa tornam o exercício da profissão ainda mais complexo.
Ainda assim, a essência do ofício permanece: ouvir, apurar, contextualizar e publicar informações de interesse público. O jornalista segue como um elo entre a sociedade e a realidade, mesmo quando essa realidade é dura, contraditória ou perigosa.
Neste 7 de setembro, refletir sobre a liberdade de imprensa é também refletir sobre a qualidade da democracia brasileira. A proteção legal existe, mas a efetividade desse direito depende de condições concretas: segurança para os profissionais, valorização do jornalismo ético e o reconhecimento, por parte da sociedade, de que informação não é mercadoria qualquer, mas um bem essencial.
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