Saúde • 10:02h • 29 de abril de 2025
Cuidado cardiovascular deve fazer parte do acompanhamento do diabetes
Alerta é de especialista que organizou material sobre o tema
Da Redação com informações de Agência Brasil | Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil
![De acordo com o subcoordenador do Departamento de Diabetes da SBEM, o diabetes tipo 1 responde por 8% dos casos, e o tipo 2, por 90%. “Por estarem assintomáticos, apenas cerca de 45% deles [pacientes do tipo 2] sabem que são diabéticos, e não fazem tratamento.](site/views/_data/news/cuidado-cardiovascular-deve-fazer-parte-do-acompanhamento-do-diabetes-1745844724.png)
O acompanhamento de pacientes com diabetes precisa ir além do controle dos níveis de glicose. De acordo com Bruno Bandeira, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), as complicações da doença estão fortemente associadas a problemas cardiovasculares, o que representa um grande desafio para a qualidade de vida dos pacientes.
"O que mais preocupa não é apenas a glicose alta. O diabetes caminha junto com a hipertensão e o colesterol elevado, aumentando significativamente o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. A doença é uma das principais causas de hemodiálise e, muitas vezes, o diagnóstico só ocorre quando já existem complicações graves. O diabetes gera sofrimento, incapacita e sobrecarrega o sistema de saúde. Por isso, a prevenção é tão importante", afirma Bandeira.
O cardiologista é um dos editores do manual "Diabetes e Doença Cardiovascular", que será lançado durante o 42º Congresso de Cardiologia da Socerj, nos dias 8 e 9 de maio, no Expo Mag, no centro do Rio de Janeiro. Dividido em oito capítulos, o material oferece uma abordagem abrangente sobre diagnóstico, estratificação de risco, individualização do tratamento, impacto das comorbidades e estratégias práticas de acompanhamento. Após o lançamento, o manual estará disponível no site da Socerj.
"O novo manual é uma ferramenta essencial tanto para médicos da linha de frente quanto para profissionais da atenção primária, que são o primeiro contato dos pacientes com o sistema de saúde", explica Bandeira. "Ele orienta de forma clara como fazer a avaliação clínica, identificar complicações cardiovasculares — que estão entre as consequências mais graves do diabetes — e selecionar o tratamento mais adequado, seja farmacológico ou cirúrgico."
Avanços nos tratamentos
Segundo Bruno Bandeira, o surgimento de novos medicamentos transformou a abordagem do diabetes. Além do controle glicêmico, o foco agora é o cuidado integral do paciente, visando também à proteção cardiovascular.
"As novas drogas representam uma revolução silenciosa na medicina", afirma o cardiologista. Ele destaca os inibidores de SGLT2 e os agonistas do GLP1 como exemplos de medicamentos que, além de controlar a glicose, protegem o coração e os rins, e ainda podem reduzir o risco de Alzheimer.
Entre os exemplos citados estão a empagliflozina e a dapagliflozina, ambas de uso oral. "A dapagliflozina, inclusive, já está sendo distribuída gratuitamente pelo SUS para pacientes diabéticos acima de 65 anos", ressalta. Outro destaque é a semaglutida, aplicada por injeção subcutânea. Embora conhecida por seu efeito na perda de peso, seu principal uso é o controle do diabetes, especialmente em pacientes obesos.
Desafio global de saúde pública
O diabetes é um dos maiores desafios da saúde pública, tanto no Brasil quanto no mundo. Segundo Saulo Cavalcanti, subcoordenador do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), uma pessoa morre a cada sete segundos no mundo devido a complicações da doença, de acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes.
Cavalcanti destaca que a falta de informação, o alto custo do tratamento e a baixa adesão dos pacientes dificultam o enfrentamento do problema.
De acordo com a pesquisa Vigitel Brasil 2023, a prevalência de diabetes no país é de 10,2%, o equivalente a cerca de 20 milhões de pessoas — um aumento em relação aos 9,1% registrados em 2021. O levantamento também aponta maior incidência da doença entre mulheres (11,1%) do que entre homens (9,1%).
Ainda segundo Cavalcanti, o diabetes tipo 1 corresponde a 8% dos casos, enquanto o tipo 2 representa cerca de 90%. "Por ser muitas vezes assintomático, apenas cerca de 45% dos pacientes com diabetes tipo 2 sabem que têm a doença e buscam tratamento. O diabetes causa lesões em diversos órgãos, como coração, rins, cérebro e olhos. Infelizmente, a maioria dos pacientes chega aos consultórios em estágios avançados, o que dificulta o controle. O diabetes não tem cura, mas tem tratamento e controle", reforça o endocrinologista.
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