Variedades • 13:29h • 10 de dezembro de 2025
Crianças que falam, mas não interagem, como a era digital influencia o desenvolvimento
Professora da UniCesumar explica como o excesso de telas reduz interações essenciais e afeta linguagem, vínculo e habilidades socioemocionais
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Weber | Foto: Arquivo/Âncora1
O aumento de crianças que conseguem articular palavras, mas apresentam dificuldade em sustentar conversas, compreender emoções ou interagir socialmente tem preocupado profissionais da área da saúde. Segundo a professora Mariana Ferraz Conti Uvo, do curso de Fonoaudiologia da UniCesumar, esse fenômeno está relacionado ao estilo de vida cada vez mais mediado por telas e à redução de interações presenciais nos primeiros anos de vida.
A especialista destaca que falar e comunicar são habilidades distintas. Muitas crianças produzem palavras e até frases, mas não conseguem utilizá-las de forma funcional, interativa ou adequada ao contexto. Para ela, a menor qualidade da interação verbal e o tempo excessivo de exposição digital prejudicam o desenvolvimento de competências essenciais da linguagem, especialmente as ligadas à pragmática, que envolve iniciar conversas, manter diálogos e ajustar a fala ao interlocutor.
Pesquisas recentes reforçam essa preocupação. Uma revisão publicada na revista Brain Sciences aponta relação direta entre uso precoce de telas e atrasos na linguagem. Estudo conduzido no Ceará, divulgado na revista BMC Public Health, indica que crianças com até cinco anos expostas a longos períodos de tela apresentaram escores menores em comunicação, resolução de problemas e habilidades socioemocionais. Já um levantamento internacional publicado na JAMA Pediatrics mostra que conteúdos educativos mediados por adultos podem reduzir impactos negativos, enquanto a exposição passiva tende a ampliá-los.
Entre os sinais de alerta para pais e responsáveis estão a ausência de palavras significativas até os dois anos, dificuldades de interação em brincadeiras ou rotinas, repetição mecânica de palavras ou sons sem engajamento espontâneo e limitações no uso de gestos, como apontar ou buscar contato visual antes de falar. Em situações mais graves, como regressão na fala ou na comunicação, a avaliação de um fonoaudiólogo é recomendada.
Para minimizar dificuldades, estímulos simples e cotidianos são eficazes
A professora orienta práticas como narrar atividades do dia, incentivar conversas durante refeições, ler livros em conjunto e estimular brincadeiras imaginativas. Ela destaca que reduzir o tempo de tela não basta, sendo necessário transformar os momentos digitais em oportunidades de diálogo e participação ativa do adulto.
Mariana explica que os primeiros anos de vida são marcados por “janelas sensíveis” do desenvolvimento da linguagem, quando a plasticidade cerebral favorece a aquisição de habilidades linguísticas e sociais. Introduzir estímulos adequados nesse período traz resultados mais expressivos no longo prazo.
A docente reforça que, em um mundo cada vez mais conectado, a interação humana continua sendo o principal eixo do desenvolvimento infantil. O contato direto, o olhar e a troca durante as conversas são elementos que dão significado à linguagem e constroem os alicerces da comunicação. Ela lembra que promover experiências de convivência e presença é fundamental para que as crianças aprendam a se conectar, interpretar emoções e compreender o mundo ao seu redor.
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