Responsabilidade Social • 14:36h • 21 de novembro de 2025
Contratação de estagiários negros cresce mais de 15 vezes desde 2018, aponta levantamento nacional
Expansão reflete políticas corporativas de diversidade, com TI, finanças e áreas industriais liderando as admissões
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Hercog | Foto: Arquivo/Âncora1
A contratação de estudantes negros em programas de estágio aumentou 15,6 vezes desde 2018, segundo o Mapeamento dos Estagiários Negros no Brasil 2025, realizado pela Companhia de Estágios. O estudo projeta que 2025 será encerrado com 7.946 jovens negros contratados em vagas de estágio e posições pontuais em todo o país, alta de 12,5% em relação a 2024.
A tendência acompanha o avanço de políticas de diversidade implantadas pelas empresas nos últimos sete anos, especialmente após a consolidação de metas internas e programas exclusivos voltados à inclusão racial. Segundo a análise, a ampliação do acesso ao ensino superior e a criação de ambientes de seleção mais inclusivos também contribuíram para o salto no número de contratações.
Crescimento acelerado, mas em ritmo que começa a desacelerar
Os dados mostram que o crescimento mais expressivo ocorreu em 2019, com aumento de 130% nas contratações. Em 2021, a alta voltou a chamar atenção com expansão de 106%, impulsionada por iniciativas de inclusão pós-pandemia. A partir de 2022, o ritmo se torna mais estável — ainda positivo, porém em patamar menor: 26,6% em 2023 e 30% em 2024.
O movimento indica uma nova fase para o mercado de estágio. Após anos focados em ampliar o ingresso de estudantes negros, as empresas agora direcionam esforços para desenvolvimento, retenção e progressão profissional desses jovens dentro das organizações.
O cenário também dialoga com dados do IBGE: entre 2000 e 2022, o número de pessoas negras com ensino superior completo subiu de forma consistente, embora a desigualdade permaneça — 25% dos brancos têm diploma universitário, contra 12% dos negros.
Quem são os estagiários negros contratados
O levantamento aponta um perfil predominante:
- 79% das contratações estão na região Sudeste;
- 59% são mulheres;
- Idade média de 23 anos, um ano acima da média dos estagiários brancos;
- Predomínio de estudantes de cursos superiores, refletindo maior acesso ao ensino técnico e universitário.
A participação feminina, especialmente entre mulheres negras, demonstra avanço educacional e maior presença em áreas que historicamente tinham barreiras de entrada.
TI lidera contratações; administração segue como curso mais representado
Entre as áreas que mais absorvem estagiários negros:
- Tecnologia da Informação concentra 8,2% das contratações de pardos e 7,4% das de pretos;
- Setores financeiro, administrativo e industrial também seguem como importantes portas de entrada;
- Nos cursos com maior representatividade, Administração lidera entre estudantes pretos (12,85%) e pardos (11,43%);
- Outros cursos frequentes entre pretos: Engenharia Civil, Direito, Psicologia e Análise e Desenvolvimento de Sistemas;
- Entre pardos: Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Mecânica e Ciências Contábeis.
Menos exigências e foco maior em competências comportamentais
A pesquisa mostra mudanças importantes nos critérios de seleção. Em 2018, 77% dos estagiários negros tinham experiência prévia. Em 2025, a proporção caiu para 45%, indicando abertura maior das empresas para iniciantes, reforçando o papel formativo do estágio.
Requisitos técnicos também passaram por revisão:
- 38% das vagas não exigiam Excel;
- 42% não pediam inglês.
A tendência é priorizar soft skills, potencial de desenvolvimento e alinhamento comportamental, reduzindo barreiras que historicamente excluíam jovens de grupos minorizados.
Desenvolvimento e retenção: prioridades para os próximos anos
Os programas de estágio estruturados têm incorporado treinamentos, avaliações contínuas e acompanhamento individualizado. A meta das empresas, segundo o levantamento, é ampliar a efetivação desses estudantes, garantindo que o avanço na porta de entrada resulte em progressão na carreira.
A perspectiva também reforça a importância do protagonismo do estudante, que precisa investir em formação complementar, solicitar feedbacks e buscar participação ativa em projetos — elementos que aceleram o desenvolvimento técnico e comportamental.
A Companhia de Estágios contabiliza mais de 2 milhões de estudantes cadastrados e cerca de 30 mil estagiários negros contratados desde 2018, consolidando o maior histórico contínuo de acompanhamento desse público no país.
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