Saúde • 09:09h • 25 de novembro de 2024
Consumo de ultraprocessados e bebidas alcoólicas custa R$ 28 bilhões ao SUS anualmente
Estudo revela que cerca de 160 mil mortes por ano estão relacionadas ao consumo desses produtos; ONGs defendem aumento de impostos seletivos para financiar o SUS e promover saúde pública
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Arquivo/Âncora1

Pesquisas realizadas pela Fiocruz, em parceria com as ONGs ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, revelaram o impacto econômico do consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas sobre o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o levantamento, o custo desses hábitos alimentares para o sistema de saúde chega a impressionantes R$ 28 bilhões por ano.
O estudo identificou que os gastos diretos com o atendimento a doenças causadas pela alimentação inadequada com ultraprocessados representam cerca de R$ 933,5 milhões anuais. Quando somados os custos indiretos, que incluem mortes prematuras e complicações associadas, esse valor sobe para R$ 10,4 bilhões. Já o consumo de bebidas alcoólicas gera um custo de R$ 18,8 bilhões, o que inclui as complicações de saúde e atendimentos relacionados.
Entre as principais doenças associadas a esses hábitos estão a hipertensão, diabetes, obesidade, e até doenças mais complexas, como demências e cânceres. As mortes relacionadas ao consumo de ultraprocessados e álcool chegam a 160 mil por ano no Brasil, com 57 mil mortes associadas à má alimentação e 105 mil ao uso excessivo de álcool.
Marília Albiero, coordenadora de Inovação e Estratégia da ACT Promoção da Saúde, destacou que o estudo reforça a necessidade de medidas concretas para combater esses problemas, como a adoção de impostos seletivos sobre produtos nocivos à saúde. “Esses impostos podem não só financiar os tratamentos necessários no SUS, mas também reduzir o consumo de substâncias prejudiciais, estimulando escolhas mais saudáveis”, afirmou.
A pesquisa também sugere que a inclusão desses impostos na reforma tributária poderia ser uma solução para financiar a saúde pública e promover a justiça tributária. Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies no Brasil, defende que a tributação mais alta sobre produtos prejudiciais ao bem-estar social seria uma forma de cobrir os custos causados por essas substâncias e promover a equidade na sociedade. “É uma lógica de ganha-ganha, que não só arrecada mais, mas também melhora a saúde pública e ajuda a combater os impactos dessas substâncias”, explica Pedro.
Além de ser uma medida fiscal, a taxação teria um efeito preventivo, reduzindo a prevalência de doenças crônicas e seus impactos na economia, como a perda de produtividade. O estudo aponta que, com a implementação de impostos seletivos, seria possível reduzir em até 25% as mortes associadas ao consumo de ultraprocessados e álcool, o que representaria uma economia de cerca de 40 mil vidas por ano.
A pesquisa também destaca que, em comparação com outras campanhas de saúde pública, como a prevenção contra a dengue, as medidas contra o consumo de ultraprocessados e bebidas alcoólicas poderiam ter um impacto muito maior na saúde da população, tanto na redução de mortes quanto na melhoria da qualidade de vida.
Apesar de ser um grande desafio, o estudo conclui que a combinação de ações de conscientização, políticas públicas e tributação seletiva pode contribuir para a construção de um sistema de saúde mais sustentável, ao mesmo tempo que combate as causas de doenças debilitantes no país.
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