Responsabilidade Social • 11:10h • 20 de novembro de 2025
Consciência Negra: ações antirracistas na infância e práticas essenciais para educadores e famílias
Publicação da pesquisadora Jussara Santos mostra como o racismo se manifesta desde os primeiros anos de vida e apresenta caminhos para construir relações igualitárias na educação infantil
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da LC Comunicação | Foto: Divulgação
No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira, 20 de novembro, especialistas reforçam que o racismo atinge bebês e crianças pequenas de forma precoce e silenciosa, e que práticas educativas intencionais são fundamentais para promover igualdade, acolhimento e pertencimento nos primeiros anos de vida.
A data, que se tornou feriado nacional há apenas dois anos pela Lei 14.759/2023, simboliza a luta e a resistência do povo negro e convida o país a refletir sobre desigualdades históricas ainda presentes. No campo da infância, o alerta se torna ainda mais necessário. A ideia de que crianças pequenas estariam protegidas dos impactos do racismo ignora que experiências afetivas, relações sociais e construção de identidade são atravessadas pela cor da pele desde os primeiros anos.
Essa discussão é aprofundada no livro Democratização do colo: Educação antirracista para e com bebês e crianças pequenas, escrito pela educadora e pesquisadora Jussara Santos, doutora em Educação e relações étnico-raciais. A obra reúne reflexões e relatos que mostram como o racismo estrutura ambientes, interações e percepções na educação infantil.
Jussara destaca que acolhimento, contato, escuta e respeito são pilares para experiências saudáveis de todas as crianças, negras e brancas. Para ela, reconhecer a existência do racismo nos espaços é o ponto de partida para transformar práticas pedagógicas. A pesquisadora aponta formação continuada, empatia e compromisso ético como caminhos concretos de atuação no cotidiano.
Quatro práticas para promover relações igualitárias desde cedo
1. Ambientes que representem todas as infâncias
A diversidade deve estar presente nas paredes, nos livros e nos brinquedos. Bonecas negras, histórias de crianças indígenas, bolivianas e de outras etnias ajudam a construir senso de pertencimento e a naturalizar a pluralidade que compõe o Brasil.
2. Palavras que constroem ou ferem
O uso de eufemismos e apelidos associados à cor da pele reforça estigmas. Termos como preto, pardo, indígena ou negro — quando usados com respeito — são adequados e necessários. Comentários racistas, ainda que sugeridos como brincadeiras, não devem ser normalizados. O silêncio diante deles também ensina.
3. Afeto e cuidado sem estereótipos
Acolhimento não pode variar conforme a cor da criança. Negligência, apelidos pejorativos ou ausência de intervenção diante de exclusão são expressões de racismo que precisam ser enfrentadas. Todas as crianças devem receber a mesma qualidade de cuidado, colo e atenção.
4. Ensinar sobre a diversidade de tons e histórias
A ideia de que “cor de pele” é uma única tonalidade não corresponde à realidade. Lápis em diversos tons e histórias que valorizam diferentes origens fortalecem a identidade e ampliam repertórios culturais.
Educar para transformar
Promover práticas antirracistas na primeira infância significa construir uma sociedade mais justa para as próximas gerações. A educação desempenha papel decisivo ao garantir que bebês e crianças cresçam conscientes de sua história, de suas diferenças e de sua igualdade perante o outro.
A data da Consciência Negra, instituída nacionalmente em 2023 e celebrada em memória de Zumbi dos Palmares, reforça essa responsabilidade coletiva. Combater o racismo começa no colo, nas palavras escolhidas e nos ambientes que moldam os primeiros vínculos sociais.
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