Responsabilidade Social • 18:38h • 19 de novembro de 2025
Comportamentos de profissionais LGBTQIA+ ainda são interpretados de forma desigual por gestores
Reflexões da pesquisadora Judá Nunes mostram como estereótipos, vieses e expectativas distorcidas influenciam a leitura das atitudes de pessoas LGBTQIA+ no ambiente corporativo
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
A forma como profissionais LGBTQIA+ são avaliadas em ambientes corporativos ainda sofre influência de estereótipos, vieses inconscientes e expectativas desiguais, afetando diretamente a construção de carreiras autênticas. A pesquisadora Judá Nunes analisa como comportamentos idênticos podem ser lidos de maneiras distintas quando partem de pessoas LGBT, interferindo em oportunidades, reconhecimento e bem-estar.
Construir uma trajetória profissional é um processo marcado por escolhas, estratégias e percepções externas. No caso de pessoas LGBTQIA+, esse caminho costuma ser ainda mais complexo, já que cada atitude é atravessada por olhares condicionados por preconceitos e interpretações distorcidas. Judá Nunes destaca que a carreira se desenvolve em ambientes que nem sempre acolhem identidades diversas, exigindo equilíbrio entre autenticidade e proteção emocional.
A autora explica que, na prática, comportamentos semelhantes podem gerar respostas diferentes. Uma postura firme, quando apresentada por uma pessoa LGBTQIA+, pode ser interpretada como agressividade, enquanto o silêncio, que em outros contextos seria visto como prudência, pode ser lido como falta de engajamento. “Não somos julgadas apenas pelo que fazemos, mas pela forma como reagimos às opressões”, aponta.
Esse movimento, segundo Judá, é reforçado por vieses automáticos descritos por Daniel Kahneman, que mostram como julgamentos rápidos se apoiam em estereótipos e atalhos mentais. Quando esses estereótipos recaem sobre a população LGBTQIA+, as avaliações deixam de ser técnicas e passam a ser filtradas por percepções distorcidas.
A autora observa que essas interpretações enviesadas limitam a potência profissional, geram sobrecarga emocional e criam trajetórias que exigem esforço constante para provar competência. Muitas vezes, a busca por se encaixar em modelos tradicionais, que nunca foram pensados para pessoas LGBTQIA+, resulta em desgaste e perda de autenticidade.
Judá destaca ainda que pequenas mudanças na forma de decidir e agir podem transformar a experiência profissional. Inspirada por conceitos como a “arquitetura das escolhas”, de Thaler e Sunstein, ela propõe que cada pessoa reconheça o que fortalece sua carreira, o que sabota seu bem-estar e o que precisa ser reavaliado.
A autora também dialoga com o pensamento de Greg McKeown, em Essencialismo, ao lembrar que dizer “não” a excessos e padrões que não respeitam a identidade é um passo importante para preservar energia e propósito. Já ao retomar Stephen Covey, reforça que uma carreira sustentável depende do alinhamento entre atitudes e valores.
Para Judá, uma trajetória profissional não se sustenta apenas em produtividade, mas em coerência, consciência e coragem. Escolher ambientes e práticas mais alinhados à própria identidade é também um ato de resistência e cuidado. “Sustentar uma carreira autêntica é ocupar espaços com inteireza, sem repetir padrões que diminuem quem somos”, defende.
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