Responsabilidade Social • 13:32h • 18 de outubro de 2025
Como educar em uma sociedade de adultos infantilizados?
Reflexão propõe o resgate da consciência humana e o papel da escola como espaço central de cuidado e diálogo
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com contribuições de Cláudia Moraes da Costa Vieira | Foto: Arquivo/Âncora1

A sociedade contemporânea vive sob o ritmo acelerado imposto pela tecnologia e pela hiperconectividade. Nesse cenário, surgem distorções que afetam profundamente as relações humanas, entre elas a adultização das crianças e a infantilização dos adultos — fenômenos que evidenciam uma desconexão crescente entre consciência, responsabilidade e maturidade emocional.
A pergunta que se impõe é: como educar em uma sociedade onde adultos se mostram presos a padrões e egos imaturos, enquanto as crianças assumem comportamentos de adultos?
Para a autora e pesquisadora Cláudia Moraes da Costa Vieira, pedagoga e doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB), a resposta passa necessariamente pela revalorização da escola como espaço de humanização. “A escola é onde a humanidade passa a maior parte do tempo durante seu processo de formação. É também onde se encontram as diversidades culturais, sociais e ambientais — um território fértil para reconstruir o sentido de ser humano e de conviver”, explica.
Segundo Cláudia, esse movimento começa quando o currículo escolar deixa de ser apenas técnico e passa a incluir reflexões sobre as realidades humanas. Ela propõe que discussões sobre temas como mudanças climáticas, guerras, desigualdades sociais e preconceitos sejam parte do processo educativo. “Ao debater temas reais, é possível gerar uma aprendizagem significativa e, sobretudo, humana”, afirma.
Para a pesquisadora, trazer o ser humano de volta ao centro da educação é uma forma de reconstruir a esperança em um futuro mais consciente e inclusivo. “Educar é cuidar da humanidade e das relações. É um convite para que professores e alunos olhem o mundo com criticidade e empatia, e para que a escola volte a ser um espaço de diálogo, pesquisa e criação coletiva”, observa.
Cláudia destaca que o aprendizado nasce do diálogo entre saberes, práticas e experiências, e que é preciso resgatar a criatividade e a criticidade que existem em cada pessoa. “A escola deve formar comunidades de conhecimento, em que se produzem ideias, escutas, reflexões e práticas capazes de reduzir desigualdades e promover o pertencimento à espécie humana”, completa.
Ao defender uma educação centrada na consciência e no cuidado, a autora propõe um rompimento com modelos baseados na competição e no individualismo. “Colocar o ser humano de volta no centro da educação é um ato político e existencial. É permitir que a escola cumpra novamente seu papel de formar cidadãos conscientes, solidários e capazes de transformar o mundo”, conclui.
Sobre a autora
Cláudia Moraes da Costa Vieira é pedagoga, doutora em Educação e pesquisadora do grupo Educação Ambiental e Ecologia Humana da Universidade de Brasília (UnB). É autora do livro “Ao garimpar pedrinhas, prosas e sementes”.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Mundo
Todos os paulistanos são paulistas, mas nem todos os paulistas são paulistanos; entenda
Termos que definem identidade e pertencimento no Estado de São Paulo