Educação • 08:46h • 20 de janeiro de 2025
Como as escolas do interior paulista estão implementando a nova lei sobre celulares nas salas de aula
A recente sanção da lei que proíbe o uso de celulares nas escolas pode transformar a dinâmica de ensino no interior de São Paulo
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Arquivo/Âncora1
Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas traz uma série de mudanças para o cotidiano escolar. A medida visa combater a distração dos estudantes durante as aulas e fortalecer a socialização e o aprendizado. O uso dos celulares permanece permitido apenas para fins pedagógicos, quando autorizados pelos professores. A medida já é uma realidade em algumas cidades e estados, como o Rio de Janeiro e o Ceará, e tende a influenciar a forma como a educação será conduzida nas escolas de todo o Brasil.
No Rio de Janeiro, a proibição entrou em vigor em agosto de 2023, com um decreto municipal que restringe o uso dos aparelhos, tanto nas salas de aula quanto nos intervalos. Segundo o secretário de Educação do município, Renan Ferreirinha, os resultados começam a aparecer: "Percebemos que os recreios voltaram a ficar mais barulhentos e com maior interação entre os alunos. O que se observava antes eram crianças isoladas em suas telas, sem conversar ou brincar com os colegas", relatou. Ferreirinha explicou que as escolas têm autonomia para decidir a melhor forma de implementar as novas regras, seja guardando os celulares nas mochilas ou recolhendo-os ao início da aula.
Em termos de sanções, a abordagem nas escolas também está alinhada com um sistema de conscientização e diálogo. O secretário frisou que o objetivo não é afastar a tecnologia da escola, mas, sim, usá-la de maneira consciente. "Queremos que a tecnologia seja usada de forma responsável, não como uma distração", afirmou.
A medida tem como inspiração a legislação do Ceará, onde, desde 2008, a Lei 14.146 proíbe o uso de celulares nas salas de aula. Embora a lei tenha sido amplamente ignorada, a recente reforma legislativa e a recomendação do Ministério Público do Estado do Ceará visam retomar a implementação da proibição com mais rigor. As escolas do estado terão que se adaptar à nova legislação federal, ajustando seus regimentos internos e estabelecendo novos processos de conscientização.
Desafios para o interior paulista
Para o interior de São Paulo, essa mudança se apresenta como um grande desafio, mas também uma oportunidade para promover um ensino mais focado e participativo. A aplicação da lei nas escolas do interior paulista, se seguida com rigor, pode ter um impacto positivo nas interações entre alunos, professores e a comunidade escolar. No entanto, os desafios estruturais são evidentes.
De acordo com o coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Diogo de Andrade, muitos professores enfrentam dificuldades na prática devido à falta de infraestrutura nas escolas. "Em salas lotadas, fica difícil garantir que todos os alunos cumpram a regra. A falta de acesso e a sobrecarga de trabalho também são questões que precisam ser enfrentadas para que a medida tenha real eficácia", comentou.
Além disso, a falta de recursos em muitas escolas do interior paulista pode dificultar a implementação das novas normas, que exigem não apenas o cumprimento da proibição, mas também um acompanhamento constante para garantir que os alunos não usem os celulares de maneira clandestina.
Uma nova abordagem para a educação no Brasil
Com a sanção da nova lei, o Brasil se junta a países como a França, a Espanha e a Dinamarca, que já adotaram políticas semelhantes para restringir o uso de celulares nas escolas. De acordo com Ferreirinha, a medida coloca o Brasil "no grupo seleto dos países que enfrentam o desafio da presença excessiva da tecnologia nas escolas". A expectativa é que a proibição não prejudique o aprendizado, mas incentive um ambiente mais interativo e concentrado, sem distrações.
A integração de tecnologia no ensino
Embora a proibição do uso dos celulares em sala de aula e nos intervalos seja uma medida restritiva, ela não exclui a tecnologia como ferramenta pedagógica. De fato, a utilização consciente dos celulares para fins educacionais será cada vez mais incentivada, desde que mediada pelos professores. O Rio de Janeiro, por exemplo, já tem adotado tecnologias como aplicativos educacionais e tablets, e o Ceará também distribui equipamentos para os estudantes, garantindo que a digitalização da educação siga uma abordagem segura e responsável.
Em cidades do interior paulista, essa integração pode ser um desafio, principalmente devido à disparidade de recursos entre as escolas urbanas e rurais. Porém, ao criar uma rede de apoio e conscientização, é possível implementar mudanças que beneficiem o ensino sem perder o foco na interação humana e no desenvolvimento social dos alunos.
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