Política • 18:45h • 22 de dezembro de 2025
Chinelos no lixo e barulho nas redes: por que a polêmica da Havaianas deve durar pouco
Especialista avalia que reação política a campanha com Fernanda Torres gera ruído pontual e não deve alterar a força da marca
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Foto: Reprodução/Redes Sociais
O novo comercial da Havaianas para o fim de ano provocou uma onda de debates nas redes sociais e reacendeu discussões sobre política, consumo e posicionamento de marcas no Brasil. A peça publicitária, estrelada pela atriz Fernanda Torres, traz uma mensagem que brinca com a ideia de “pé direito” e incentiva o público a começar 2026 “com os dois pés”, seja na estrada, em novos projetos ou em escolhas pessoais.
A campanha ganhou ainda mais visibilidade após a publicação da atriz em suas redes sociais, reforçando o desejo de coragem para o novo ano. A partir disso, grupos alinhados à direita passaram a acusar a marca e a atriz de fazerem apologia política, interpretando a mensagem como uma crítica indireta a discursos conservadores. Uma parcela barulhenta desse público chegou a defender boicote à marca, com vídeos e postagens mostrando chinelos sendo descartados, inclusive por figuras públicas.
Ruído momentâneo e marca posicionada
Apesar da intensidade do debate nas redes, analistas avaliam que o impacto tende a ser limitado e concentrado no curto prazo. Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, episódios desse tipo raramente produzem efeitos duradouros sobre marcas consolidadas. Segundo ele, o histórico recente do mercado mostra que manifestações políticas, sejam de empresas ou de seus representantes, costumam gerar ruído momentâneo, mas não alteram a trajetória dos negócios no médio e longo prazo.
Cruz lembra que, em ciclos eleitorais anteriores, executivos de grandes companhias chegaram a se posicionar publicamente sem que isso se traduzisse em mudanças estruturais na percepção do consumidor. Casos como o de Edgar Corona, da Smart Fit, ou de empresários com alinhamentos políticos conhecidos, à direita ou à esquerda, ilustram que essas associações individuais não determinam o comportamento de compra da maioria da população, lembra.
Na avaliação do especialista, o barulho costuma ficar restrito a nichos específicos, influenciadores ou grupos mais vocais, que reagem de forma intensa no calor do momento. Episódios de boicote já anunciados em outros contextos, como no caso da JBS durante o governo Michel Temer, perderam força com o passar do tempo e não se sustentaram na prática do consumo diário.
No caso da Havaianas, o efeito tende a ser ainda mais diluído
A marca possui alta penetração no mercado brasileiro e não enfrenta concorrentes diretos com força suficiente para capturar eventuais insatisfações pontuais. Além disso, a estratégia da empresa está cada vez mais concentrada na expansão internacional, o que reduz a relevância de controvérsias domésticas de curto prazo.
Mesmo no mercado financeiro, eventuais reações costumam variar conforme o viés de analistas e investidores, mas sem alterar fundamentos. No consumo cotidiano, segundo Cruz, fatores como conforto, design, preço e disponibilidade continuam pesando muito mais do que disputas políticas ou interpretações ideológicas de campanhas publicitárias.
O episódio envolvendo a Havaianas se soma a uma série de situações semelhantes que surgem periodicamente, seja por campanhas de comunicação, declarações de executivos ou posicionamentos públicos. Para especialistas, apenas problemas estruturais, como falhas graves de governança ou questões operacionais, têm potencial de gerar impactos duradouros sobre marcas consolidadas, o que não parece ser o caso neste momento.
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