Saúde • 11:03h • 03 de novembro de 2025
Casos de acidentes com escorpiões disparam 150% no Brasil e acendem alerta de saúde pública
Ministério da Saúde registra mais de 126 mil ocorrências e 148 mortes em 2025; aumento está ligado às mudanças climáticas, ao lixo urbano e à falta de saneamento
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria de Imprensa Inpress | Foto: Arquivo/Âncora1
Os acidentes com escorpiões cresceram de forma alarmante no Brasil e já são considerados um problema de saúde pública. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados 126.637 casos de picadas de escorpião e 148 mortes até setembro deste ano. O avanço, que coincide com a chegada do calor, preocupa especialistas e reforça a necessidade de medidas preventivas.
De acordo com um estudo publicado na revista Frontiers in Public Health, o número de acidentes aumentou 150% em menos de dez anos, entre 2014 e 2023, configurando uma “epidemia silenciosa”. O fenômeno é resultado de uma combinação de fatores, como mudanças climáticas, urbanização desordenada e saneamento precário.
Verões mais longos e quentes, alternados com períodos de chuva intensa e seca, favorecem a proliferação dos escorpiões, que são altamente adaptáveis a ambientes úmidos e com abrigo fácil. “As cidades cresceram mais rápido do que sua infraestrutura, e isso criou o ambiente ideal para os escorpiões: lixo acumulado, entulho e redes de esgoto sem manutenção”, apontam os pesquisadores.
Esses animais se escondem em locais escuros e quentes como pilhas de madeira, terrenos baldios e ralos domésticos e, durante ondas de calor, tendem a sair em busca de alimento e abrigo, aumentando o risco de contato com humanos.
A plataforma Radar Whitebook, que utiliza inteligência artificial para detectar tendências em saúde, registrou em setembro um aumento de 300% nas buscas por informações sobre picada de escorpião preto em comparação aos meses anteriores.
Entre os estados com maior número de registros em 2025, São Paulo lidera com 28 mil casos, seguido de Minas Gerais (21 mil) e Bahia (12 mil). Apenas na capital paulista, as ocorrências subiram 27,3% em um ano, passando de 2.639 para 3.359.
A médica Dayanna Palmer, especialista da Afya, alerta para a importância da prevenção. “Os cuidados devem ser redobrados, especialmente em áreas com acúmulo de entulho, lixo e vegetação densa. Crianças e idosos são os mais vulneráveis aos efeitos do veneno, e o atendimento rápido é essencial para evitar complicações graves”, destaca.
A médica também orienta sobre os locais mais atingidos pelas picadas — dedos, mãos e pés — e reforça que medidas caseiras devem ser evitadas. “Em caso de picada, a pessoa deve procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo. Compressas, torniquetes e cortes no local só pioram o quadro”, adverte.
O avanço dos acidentes reforça o desafio das autoridades de saúde: controlar a proliferação urbana do escorpião em um contexto de clima cada vez mais quente e cidades em expansão. Sem ações de limpeza, educação ambiental e saneamento, alertam especialistas, o país pode enfrentar um crescimento ainda maior dos casos nos próximos anos.
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