Saúde • 15:02h • 02 de junho de 2025
Cannabis medicinal avança no tratamento da esclerose múltipla e melhora qualidade de vida
Com propriedades analgésicas, neuroprotetoras e anti-inflamatórias, o uso da cannabis vem ganhando espaço no Brasil como terapia complementar para reduzir sintomas e desacelerar a progressão da doença
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

A esclerose múltipla é uma condição neurológica autoimune, progressiva e sem cura, que afeta cerca de 40 mil brasileiros e quase 3 milhões de pessoas no mundo. Marcada por sintomas como espasmos musculares, alterações de equilíbrio, perda de força e dores intensas, a doença surge quando o sistema imunológico ataca a bainha de mielina, estrutura que protege os neurônios e garante a comunicação eficiente entre cérebro e corpo.
Diante de uma condição sem causa conhecida e com efeitos tão debilitantes, os avanços em tratamentos complementares são essenciais. E entre os que vêm ganhando destaque nos últimos anos está a cannabis medicinal, reconhecida por seu potencial terapêutico no alívio de sintomas e melhoria da qualidade de vida.
De acordo com a médica Mariana Maciel, especialista em medicina canabinoide e pesquisadora no Canadá, um dos maiores benefícios está no controle da dor e na redução dos espasmos musculares. “A dor na esclerose múltipla é incapacitante e comum na maioria dos pacientes, e a cannabis tem o potencial de amenizá-la”, afirma.
Além de propriedades analgésicas, os fitocanabinoides também atuam como agentes anti-inflamatórios e neuroprotetores. Segundo Mariana, eles contribuem para desacelerar a degeneração neuronal, favorecendo a neurorregeneração e, com isso, retardando o avanço da esclerose múltipla.
Nanotecnologia e absorção rápida
Com base em sua atuação no Canadá, país referência na regulamentação e pesquisa de cannabis, Mariana desenvolveu a tecnologia Power Nano, patenteada pela biofarmacêutica Thronus Medical. A solução utiliza a nanomedicina para reduzir as partículas da cannabis para 17 nanômetros, encapsulando os ativos em um veículo hidrossolúvel, o que aumenta a absorção pelo organismo que é composto majoritariamente por água.
Diferente dos óleos convencionais, que levam até duas horas para fazer efeito, produtos desenvolvidos com essa tecnologia, como o Bisaliv, têm início de ação em cerca de 10 minutos e biodisponibilidade que pode alcançar até 80%, a depender do ativo.
Terapia com cannabis mostra resultados promissores para pacientes com doenças neurológicas graves
Acesso no Brasil ainda esbarra em preconceitos e burocracias
Apesar do avanço científico, a médica lembra que ainda há entraves no acesso à terapia com cannabis no Brasil. “Trabalhamos com educação. É preciso trazer esse assunto para o dia a dia, combater o preconceito e mostrar que há respaldo científico e regulatório”, explica.
Desde 2015, a Anvisa autoriza a importação de medicamentos à base de cannabis, mediante prescrição médica. O processo é feito pelo site Gov.br e, após autorização, os produtos podem ser entregues diretamente na residência do paciente.
Uso seguro e acompanhamento essencial
Mariana reforça que o acompanhamento médico é indispensável e que os efeitos colaterais são, em geral, leves e passageiros, como sonolência e tontura. “A cannabis é uma das substâncias mais seguras e terapêuticas ativas conhecidas pelo homem”, afirma.
Embora ainda não exista prevenção para a esclerose múltipla, a médica acredita que a combinação entre informação, acompanhamento clínico e novas tecnologias pode garantir mais qualidade de vida, conforto e autonomia aos pacientes.
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