• Voluntárias para o serviço militar feminino podem se alistar a partir de 1º de janeiro
  • Em Assis, soltura de fogos de estampido é proibida; multa é de até 400 vezes o valor da UFESP
Novidades e destaques Novidades e destaques

Política • 14:43h • 18 de dezembro de 2024

Campanha de 2024 foi recordista em violência política, aponta pesquisa

Segundo entidades, impunidade é responsável pelo crescimento dos casos

Agência Brasil | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

As eleições municipais na série histórica tiveram uma elevação dessa situação.
As eleições municipais na série histórica tiveram uma elevação dessa situação.

A campanha para as eleições municipais deste ano foi recordista em violência política na última década, conforme revela pesquisa realizada pelas organizações Justiça Global e Terra de Direitos, lançada na segunda-feira (16). Entre novembro de 2022 e outubro de 2024, foram 714 casos de violência dirigida a pessoas que se candidataram. Foi o maior número desde o início da série iniciada em 2016. Segundo análise das entidades que fizeram o levantamento, a impunidade é responsável pelo crescimento no número de casos.

A coordenadora de Incidência Política da Terra de Direitos, Gisele Barbieri, avalia que os períodos de pleitos municipais têm sido mais violentos. “Entendemos que as respostas do estado como um todo a essa violência têm sido aquém do esperado. Isso causa uma naturalização dessa violência e faz com que os episódios também sejam cada vez mais frequentes”, ponderou.

As eleições municipais na série histórica tiveram uma elevação dessa situação. Em 2016, foram registrados 46 casos. Esse número cresceu para 214 casos em 2020 e, em 2024, houve um salto para 558 casos. Isso representa aumento de 344 casos nos quatro anos entre 2020 e 2024 ou crescimento de aproximadamente 2,6 vezes em relação a 2020. Comparando com 2016, o aumento é de 12 vezes.

Para a diretora adjunta da Justiça Global, Daniele Duarte, a violência nos pleitos dos municípios está relacionada às disputas territoriais nos municípios. “A pesquisa demonstra que as eleições municipais são mais violentas. A partir da série histórica, nós verificamos esse aumento no número de ameaças em relação às mulheres candidatas, pré-candidatas e para as suas assessorias também”, diz.

Mulheres como alvo

As pesquisadoras avaliam que, além dos assassinatos e atentados, as ameaças e as ofensas têm um crescimento direcionado mais às mulheres. Elas, sendo cisgênero ou transexuais, foram alvos de 274 casos, representando 38,4% dos casos totais. Os ataques virtuais compõem cerca de 40% das ocorrências contra mulheres e 73,5% das ofensas no período pré-eleitoral ocorreram em ambientes parlamentares ou de campanha, sendo que 80% dos agressores eram homens cisgênero, também parlamentares.

“Dos 714 casos gerais do período que nós analisamos, 274 são contra mulheres. Considerando pretas e pardas, são 126 casos (...) Os homens também são mais vítimas porque estão em maior número dentro do sistema político. Quando a gente consegue identificar os agressores, quase 80% também são homens”, contextualiza a pesquisadora Gisele Barbieri.

Ela explica que a Lei 14.192, aprovada em 2021, tornou crime a violência política de gênero. “É uma lei que ainda precisa ser ampliada e aperfeiçoada, porque a gente não consegue ver quase nenhum caso enquadrado dentro dessa lei. O sistema de justiça também demora a dar respostas com relação a esses casos”, diz Gisele Barbieri.

Internet

Outro aspecto que a coordenadora da Terra de Direitos enfatiza é que a falta de regulação da internet acaba propiciando a expansão de formas de violência. “Mais dos 70% das ameaças que a gente teve em 2024 e em 2023 são feitas por meio de redes sociais, e-mail e plataformas digitais”, afirma.

De acordo com Daniele Duarte, do Justiça Global, o crescimento nos ataques virtuais vitima mais as mulheres. A falta de uma legislação eficiente de internet contribui para não haver investigação. “Existem hoje muitos mecanismos para os ameaçadores se esconderem, que a justiça não acesse e não chegue até eles. Isso também aumenta o número de casos de ameaças”. Ela acrescenta que essas ameaças chegam com informações pessoais das candidatas e dos candidatos.

Elevação

Nas eleições presidenciais de 2018, uma pessoa foi vítima de violência política a cada oito dias. Em 2022, foram três pessoas a cada dois dias e, em 2024, são quase duas pessoas vítimas de violência política por dia.

Neste ano, foram 558 casos, com 27 assassinatos, 129 atentados, 224 ameaças, 71 agressões físicas, 81 ofensas, 16 criminalizações e 10 invasões. A ameaça é o tipo de violência mais recorrente, quase 40% dos casos totais do ano.

A violência mais comum foi a ameaça (135 casos), seguida por 19 registros de ameaças de estupro. Os Estados com mais ocorrências foram São Paulo (108), Rio de Janeiro (69), Bahia (57) e Minas Gerais (49).

Medidas

As pesquisadoras enfatizam que é fundamental que o poder público adote ações de combate, como programas efetivos contra a violência política nos órgãos legislativos, aperfeiçoamento de leis e segurança ampliada para equipes e mandatos coletivos.

As entidades defendem, por exemplo, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adote campanhas contra discursos de ódio, racismo e violência de gênero. Caberiam ao sistema eleitoral e de justiça apoio às vítimas, canais estruturados para denúncia e celeridade no julgamento de casos.

O estudo ressalta a necessidade urgente de articulação entre sociedade civil, instituições democráticas e partidos políticos para frear o avanço da violência e fortalecer a democracia no Brasil. “É uma responsabilidade coletiva”, diz a pesquisadora da Justiça Global.

Últimas Notícias

Descrição da imagem

Mundo • 09:25h • 27 de dezembro de 2024

Voluntárias para o serviço militar feminino podem se alistar a partir de 1º de janeiro

Processo terá início em 1º de janeiro e seguirá até 30 de junho, com a oferta de 1.465 vagas, destinadas às mulheres que completam 18 anos de idade em 2025

Descrição da imagem

Saúde • 08:57h • 27 de dezembro de 2024

Saiba como evitar refluxo após as extravagâncias de final de ano

Médico dá dicas para quem sofre com a doença

Descrição da imagem

Gastronomia & Turismo • 08:24h • 27 de dezembro de 2024

Turistas brasileiros injetarão R$ 148 bi na economia durante o verão

Gasto médio subirá 34% em relação a ano passado

Descrição da imagem

Cidades • 08:10h • 27 de dezembro de 2024

Em Assis, soltura de fogos de estampido é proibida; multa é de até 400 vezes o valor da UFESP

Multas de até 400 vezes o valor da UFESP são aplicadas a quem desrespeitar a legislação que proíbe fogos de artifício ruidosos; conscientização e empatia são fundamentais

Descrição da imagem

Responsabilidade Social • 07:58h • 27 de dezembro de 2024

Receita Federal destinou milhares de brinquedos para a campanha “Papai Noel dos Correios”

Milhares de crianças tiveram um Natal mais feliz graças a essa iniciativa

Descrição da imagem

Cidades • 17:32h • 26 de dezembro de 2024

20 anos após o tsunami de 2004: Como a ciência e a prevenção de tsunamis evoluíram

A devastação que causou mais de 220 mil mortes também impulsionou mudanças globais na preparação para desastres naturais e na ciência de alertas de tsunamis

Descrição da imagem

Saúde • 17:02h • 26 de dezembro de 2024

Como o excesso de trabalho afeta a libido e o que fazer para ter uma rotina sexual mais saudável

O terapeuta sexual João Borzino explica os impactos do estresse no desejo sexual e oferece dicas para casais melhorarem a intimidade

Descrição da imagem

Responsabilidade Social • 16:42h • 26 de dezembro de 2024

Os impactos globais de mais de 1 bilhão de refeições desperdiçadas por dia

Relatório das Nações Unidas revela que 783 milhões de pessoas enfrentaram fome em 2022, enquanto 1 bilhão de refeições foram desperdiçadas diariamente

As mais lidas

Cidades

Novo vídeo pode ajudar nas buscas por Mateus Valim, desaparecido desde quarta-feira

Após o sumiço do garoto na última quarta-feira, a cidade de Assis continua mobilizada e a polícia segue as investigações, com novo vídeo surgindo e alimentando as esperanças pela solução do caso