Responsabilidade Social • 09:21h • 25 de abril de 2025
Busca por minerais da transição energética acelera crise climática
Conclusão está em estudo divulgado pelo Observatório da Mineração
Da Redação com informações de Agência Brasil | Foto: Sigma Lithium/Divulgação

A exploração de minerais estratégicos para a transição energética — como o lítio — está intensificando a crise climática em quatro estados brasileiros: Minas Gerais, Pará, Bahia e Goiás. A conclusão é de um estudo inédito do Observatório da Mineração, com base em dados da consultoria TMP, especializada em eventos climáticos extremos.
De acordo com o levantamento, essas regiões devem sofrer mudanças significativas nos padrões climáticos até 2030, com aumento de dias secos, chuvas intensas fora de época e redução na disponibilidade de água.
No Vale do Jequitinhonha (MG), epicentro da produção de lítio no Brasil, os impactos já são sentidos pelas comunidades locais. “A mineração derrubou mil árvores em uma região semiárida. Os rios estão secando, e aumentaram os problemas de saúde”, conta Cleonice Pankararu, liderança indígena da região.
Minas Gerais concentra 80% das reservas nacionais de lítio. A expectativa é que a produção aumente cinco vezes até 2028, atraindo investimentos de até US$ 6 bilhões.
Crise ambiental disfarçada de solução verde?
Embora seja vista como alternativa “limpa”, a transição energética baseada na mineração apresenta riscos. “Estamos trocando uma dependência fóssil por outra, agora mineral, que também causa impactos profundos”, alerta Maurício Angelo, diretor do Observatório da Mineração.
Segundo o estudo, a mineração consome cerca de 11% da eletricidade do país, embora represente apenas 3% do PIB. O uso intensivo de água também compromete as bacias hidrográficas de MG, GO e BA — algumas já com até 39% de suas sub-bacias em situação de alto risco de escassez hídrica.
No Pará, estado que sediará a COP30, a expansão da mineração de bauxita e alumínio coloca a Amazônia sob forte pressão. “Estamos criando zonas de sacrifício para atender à demanda de descarbonização do Norte global”, afirma a pesquisadora Gabriela Sarmet.
Reação e recomendações
O estudo recomenda que empresas adotem medidas proativas para reduzir danos, que governos reforcem a fiscalização e que o Estado atue como regulador — e não como sócio do setor mineral. “Não é razoável que o poder público abra mão do seu papel de controle”, diz Angelo.
Enquanto isso, lideranças como Cleonice Pankararu temem que o avanço da mineração inviabilize o modo de vida tradicional. “As licenças ambientais estão soltas. A mineração está indo rápido demais. E temos um Congresso que não protege os povos indígenas nem o meio ambiente.”
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