Saúde • 10:27h • 20 de setembro de 2025
Brasil registra mais de 30 mil acidentes com serpentes peçonhentas em 2024
Trabalhadores rurais e comunidades indígenas estão entre os mais vulneráveis; jararaca lidera os casos e atrasos no atendimento aumentam risco de morte
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações do Butantan | Foto: Comunicação Butantan

Os acidentes com serpentes peçonhentas continuam sendo um desafio de saúde pública no Brasil. Em 2024, o Ministério da Saúde registrou 31.735 notificações e 127 mortes por envenenamento ofídico, segundo dados do Painel Epidemiológico. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença tropical negligenciada, a condição atinge sobretudo trabalhadores rurais e populações indígenas, que enfrentam maior exposição e dificuldades de acesso rápido ao atendimento médico.
A análise mostra que os homens foram 76% das vítimas, principalmente entre 20 e 49 anos. Em 75% dos casos, os acidentes ocorreram em áreas rurais, evidenciando a relação com o trabalho no campo. As picadas em pés e pernas corresponderam a mais de 60% das notificações.
A região Norte concentrou a maior incidência: foram 9.400 casos, o que equivale a uma taxa de 50,35 por 100 mil habitantes, quase o triplo da média nacional (14,86). O Pará lidera em números absolutos, com mais de 5 mil vítimas, seguido por Minas Gerais (3.357) e Bahia (3.089). Embora representem menos de 1% da população, os indígenas estão proporcionalmente mais expostos, devido à localização de suas comunidades em áreas rurais e florestais e às dificuldades logísticas para chegar a hospitais.
O tratamento segue dependendo dos antivenenos produzidos pelo Instituto Butantan, que em 2024 entregou ao Ministério da Saúde mais de 420 mil frascos. Quase 80% dos pacientes receberam algum tipo de soro, sendo o antibotrópico o mais utilizado contra picadas de jararacas, as mais comuns no país.
A gravidade varia: 56% dos casos foram leves, 30% moderados e 7% graves. Entre as complicações estão infecções, necrose, insuficiência renal e até amputações. O tempo de atendimento é decisivo: quando o socorro ocorre em até três horas, a letalidade é de 0,29%; se a demora ultrapassa 12 horas, sobe para 1,13.
O Centro-Oeste apresentou a maior taxa de letalidade, com 0,76% – quase o dobro da média nacional (0,40%). A OMS tem como meta reduzir em 50% as mortes e incapacidades por envenenamento até 2030, reforçando a necessidade de ampliar a prevenção e garantir atendimento rápido, sobretudo em áreas isoladas.
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