Ciência e Tecnologia • 20:49h • 01 de outubro de 2025
Brasil cria tecnologia inédita para monitorar maior acelerador de partículas do mundo
Pesquisadores do SPRACE criam sistema de código aberto para monitorar componentes do CMS no LHC, elevando protagonismo do país na ciência internacional
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Divulgação

Um ano e meio após tornar-se membro associado do CERN, o Brasil deu mais um passo relevante na ciência internacional com o desenvolvimento de novos componentes para o Grande Colisor de Hádrons (LHC), em Genebra. O sistema OpenIPMC, elaborado pelo Centro de Pesquisa e Análise de São Paulo (SPRACE) e fabricado por empresa paulista, será responsável por monitorar placas eletrônicas do CMS, o principal detector do acelerador.
Trata-se da primeira vez que um sistema desse tipo é produzido em código aberto, o que possibilita não apenas maior colaboração científica, mas também a aplicação em outras áreas de estudo, como neutrinos, computação quântica, telecomunicações e até aeronáutica. “O OpenIPMC nos posicionou na vanguarda da instrumentação científica, abrindo portas para projetos de maior responsabilidade na colaboração internacional”, destacou Sérgio Novaes, pesquisador responsável do SPRACE e docente do Instituto de Física Teórica da Unesp.
O sistema permite monitorar temperatura, tensões e correntes das placas ATCA, essenciais para o funcionamento do CMS, garantindo confiabilidade na coleta de dados em tempo real. Caso detecte falhas ou superaquecimento, o OpenIPMC pode desligar automaticamente os componentes para evitar danos, recurso essencial em um ambiente que lida com volumes massivos de informação. Foi justamente a análise desses dados que possibilitou, em 2012, a comprovação da existência do bóson de Higgs.
A adoção do modelo aberto elimina barreiras antes impostas por acordos de confidencialidade com empresas privadas, que limitavam a atuação de estudantes e pesquisadores. “Em atividades de pesquisa, os estudantes representam o futuro. É preciso treiná-los, ensiná-los a operar os experimentos de forma independente”, afirmou Luigi Calligaris, pesquisador que liderou o projeto.
Além do desenvolvimento no SPRACE, a fabricação também é nacional, sob responsabilidade da Lynx Tecnologia Eletrônica, em parceria com a Escola Politécnica da USP. Já foram entregues 100 das 1.100 unidades encomendadas pelo CERN, com previsão de conclusão total no próximo mês.
A iniciativa reforça o papel do Brasil na fronteira da ciência e mostra como a combinação entre universidades e empresas pode gerar inovação com impacto global.
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