Variedades • 18:50h • 24 de maio de 2025
Barbie troca salto por conforto e levanta debate sobre saúde, autonomia e padrões sociais
Estudo internacional analisa como a evolução dos calçados da boneca mais famosa do mundo reflete mudanças sociais, profissionais e de diversidade desde 1959
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Universidade de Monash | Foto: Divulgação

Ao longo de mais de seis décadas, a Barbie não apenas acompanhou as tendências da moda, mas também se tornou um termômetro de transformações sociais. Um estudo recente, conduzido por universidades da Austrália e do Reino Unido, analisou 2.750 modelos de bonecas Barbie produzidas desde 1959 e revelou que, quanto mais a boneca assumia postos de trabalho e refletia a diversidade social, mais ela deixava os saltos altos de lado e passava a adotar calçados baixos.
O levantamento, publicado na revista científica PLOS One, surgiu inspirado no filme "Barbie" (2023), especialmente na cena em que a personagem se espanta ao perceber que seus pés estão retos após entrar no mundo real. Com base nesse gancho, pesquisadores das universidades de Monash, do Sul da Austrália e Queen Mary, de Londres, mapearam a evolução da postura dos pés da boneca, relacionando esse dado com sua profissão, diversidade e o período histórico de cada modelo.
De acordo com o estudo, nos primeiros anos da boneca, 100% dos modelos vinham com os pés moldados para sapatos de salto. Já nas últimas décadas, esse número caiu para 40%, revelando uma preferência crescente por sapatos baixos, especialmente nos modelos que representam profissões. Quando está atuando como médica, engenheira, atleta ou cientista, a Barbie troca os saltos por tênis, flats ou sandálias confortáveis. Ainda assim, a boneca mantém os saltos nos modelos relacionados ao universo da moda ou lazer.
Pesquisa mostra como os sapatos da Barbie refletem mudanças sociais e culturais
Além da relação direta com o mercado de trabalho, a pesquisa também mostrou que, à medida que a Barbie passou a representar mais diversidade, incluindo bonecas com deficiência, próteses, cadeiras de rodas e diferentes tons de pele, também aumentou a prevalência dos calçados baixos, simbolizando uma mudança de padrão alinhada aos debates sobre inclusão e acessibilidade.
Mas os pesquisadores fazem um alerta: embora o salto alto seja frequentemente apontado como vilão da saúde dos pés, problemas como joanetes, dores lombares e fascite plantar não são exclusivos de quem usa esse tipo de calçado. “A maioria dos problemas nos pés acontece com pessoas que nem usam salto. O salto sempre leva a culpa, mas isso não corresponde totalmente à realidade”, explica Helen Banwell, coautora do estudo e professora de podologia na Universidade do Sul da Austrália.
Para os autores, o debate sobre o uso de salto alto deve deixar de lado o tom de culpa e caminhar para uma visão que prioriza a autonomia, o bem-estar e escolhas individuais. “Se a Barbie pode escolher entre salto e conforto, qualquer pessoa também pode. O importante é garantir que essa escolha seja consciente, informada e livre de julgamentos”, afirma Cylie Williams, professora da Universidade Monash e líder do estudo.
O estudo também destaca que, apesar das advertências dos profissionais de saúde, ainda não existem pesquisas robustas o suficiente que comprovem, a longo prazo, os impactos do uso de salto alto na saúde. A recomendação final dos especialistas é clara: ninguém deve ser julgado por usar salto, desde que se sinta confortável, seguro e consciente de seus próprios limites. E, como a Barbie demonstra, há espaço para tudo: tanto para o salto quanto para o tênis.
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