Mundo • 21:45h • 29 de outubro de 2025
“Banalização da morte”: estudo da FGV revela como as redes reagiram à barbárie no Rio de Janeiro
Levantamento mostra que 43 mil menções foram feitas em 24 horas após a operação nos complexos do Alemão e da Penha, com 11% dos usuários celebrando a violência
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Reprodução/Redes Sociais
A megaoperação policial realizada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, na última terça-feira (28), deixou um saldo trágico de pelo menos 120 mortos, entre suspeitos de envolvimento com o crime organizado e agentes de segurança pública. Mas, além das vítimas, o episódio também expôs um outro fenômeno preocupante: a banalização da morte nas redes sociais.
Em menos de 24 horas, o tema gerou 43 mil menções nas plataformas digitais, segundo levantamento conduzido pela doutora em marketing e coordenadora do Centro de Estudos em Marketing Digital da FGV/EAESP, Lilian Carvalho. Do total, 67% das postagens foram neutras, 27% negativas e uma parcela expressiva revelou reações de apoio e até celebração à violência.
“O sentimento predominante foi medo ou nojo, com 22% das menções cada, mas um número significativo de 11% expressou alegria diante da violência. A experiência contemporânea comprova o que venho alertando em minha pesquisa: os algoritmos não têm lado, mas reproduzem e amplificam o que há de mais barulhento e emocional em cada bolha”, explicou Lilian.

Redes sociais transformam tragédia do Rio em espetáculo digital, diz FGV . Imagem foi desfocada para preservar os leitores | Imagem: Reprodução/Redes Sociais
Os termos mais citados nas discussões foram “Complexos do Alemão e da Penha”, “CV”, “segurança pública”, “Operação Contenção”, “Polícia Militar”, “crime organizado” e “facções criminosas”. O nome do governador Cláudio Castro apareceu em cerca de 10% das menções, o que, segundo a pesquisadora, pode refletir apoio de parte dos usuários à ação policial.
Para Lilian Carvalho, a celebração da violência por uma parcela dos internautas demonstra um fenômeno de dessensibilização coletiva, em que a exposição constante a imagens e discursos de brutalidade reduz a capacidade de empatia. “Essa taxonomia digital revela como a narrativa da operação foi enquadrada: entre a justificativa da segurança pública e a crítica à brutalidade estatal”, analisa.
O estudo ainda destacou a “normalização algorítmica da barbárie”, conceito usado pela pesquisadora para descrever como as redes transformam tragédias em conteúdos de consumo emocional, onde o horror é compartilhado, comentado e viralizado sem filtros éticos.
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