Saúde • 15:32h • 19 de novembro de 2024
Baixa adesão à vacina contra a gripe gera alta de casos e mortes, com impacto maior entre idosos
Idosos são os mais impactados com hospitalizações e mortes; falha na imunização também aumenta risco cardiovascular
Da Redação com informações do Butantan | Foto: Arquivo Âncora1
A baixa cobertura vacinal contra a influenza, atualmente em 53%, está associada a um aumento inesperado de casos de gripe neste ano, especialmente entre os idosos. Tradicionalmente mais comum no outono e inverno, o vírus tem encontrado brechas para circular em outras épocas devido à falha na imunização. Em 2024, os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza quase dobraram entre idosos em comparação a 2023, subindo de 2.839 para 5.536. O número de mortes também aumentou significativamente, de 623 para 955, com mais de 85% dos óbitos concentrados nessa faixa etária.
Influenza lidera infecções respiratórias graves
Até novembro de 2024, o país registrou 13.934 casos de SRAG por influenza, resultando em 1.142 mortes, conforme o boletim da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Entre os vírus respiratórios mais comuns, o influenza predominou em pessoas acima de 10 anos (39%), seguido pelo rinovírus (32%) e SARS-CoV-2 (19%). Já entre idosos, o influenza também liderou (34%), com o SARS-CoV-2 (30%) e o rinovírus (22%) na sequência.
O Ministério da Saúde ressalta a importância da vacinação como principal forma de reduzir hospitalizações e óbitos. Disponível gratuitamente em postos de saúde, a vacina produzida pelo Instituto Butantan está liberada para todos acima de seis meses de idade, com meta de alcançar 90% de cobertura entre grupos prioritários, como crianças, profissionais de saúde, gestantes e pessoas com doenças crônicas.
Riscos da baixa vacinação
A gestora médica do Instituto Butantan, Carolina Barbieri, alerta que a queda na cobertura vacinal tem impactos graves, especialmente entre populações vulneráveis, como idosos e gestantes. “Quanto menos pessoas se vacinam, mais o vírus se dissemina e sofre mutações, dificultando o controle da doença”, explica. A baixa imunização também contribuiu para o aumento de óbitos por influenza entre setembro e outubro, que passaram de 25% para 40% das mortes por SRAG.
Além das complicações respiratórias, o vírus da gripe está associado a um risco elevado de infarto, segundo estudos. Uma pesquisa da Universidade de Utrecht, na Holanda, revelou que o diagnóstico de influenza pode aumentar em até seis vezes a probabilidade de ataque cardíaco. “A resposta inflamatória gerada pelo vírus descompensa doenças pré-existentes, aumentando os riscos cardiovasculares”, esclarece Carolina.
Outro problema relacionado à baixa vacinação é o aumento de bactérias resistentes, já que hospitalizações em excesso levam ao maior uso de antibióticos. “Com mais pessoas imunizadas, temos menos internações, menos uso de medicamentos e, consequentemente, menor risco de resistência antimicrobiana”, completa.
Vacinação é proteção coletiva
Além de proteger o indivíduo, a vacina contribui para a imunidade coletiva e reduz a sobrecarga do sistema de saúde, um ponto destacado durante a pandemia de Covid-19. No entanto, para ampliar a adesão, Carolina defende campanhas mais efetivas e diversificadas. “Precisamos de uma comunicação mais ampla e assertiva. Apenas cartazes nos postos não bastam. É preciso investir na televisão, internet e outros canais para alcançar mais pessoas”, afirma.
Com a continuidade da campanha de vacinação até o fim dos estoques, especialistas reforçam a importância de superar a hesitação vacinal e adotar estratégias que envolvam toda a sociedade para reduzir os impactos da influenza.
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