Responsabilidade Social • 09:36h • 10 de agosto de 2025
Araras vítimas de tráfico ganham nova chance com implante de penas
Implante de penas desenvolvido em São Paulo é levado a campo para reabilitar aves resgatadas na África e acelerar reintrodução na natureza
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Semil | Foto: Divulgação

A bióloga Lilian Sayuri Fitorra, referência nacional em implante de penas, acaba de embarcar para o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, na Bahia, onde liderará um esforço inédito para salvar araras-azuis-de-lear prestes a serem reintroduzidas na natureza. As aves, resgatadas do tráfico internacional no Togo e trazidas ao Brasil em 2024, estão sob os cuidados do Programa de Resgate da Arara-azul-de-lear e enfrentam dificuldades para voar devido à perda ou dano nas penas das asas.
A técnica de implante de penas, desenvolvida e aplicada com sucesso no Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres de São Paulo (Cetras-SP), será usada pela primeira vez com essa espécie emblemática da fauna brasileira, que ainda figura na lista de ameaçadas de extinção. O método, indolor e eficiente, insere penas compatíveis por meio de hastes flexíveis nas estruturas danificadas, permitindo que a ave volte a voar imediatamente. Desde 2008, o procedimento beneficiou mais de cem aves de 19 espécies diferentes.
Espécie ameaçada é beneficiada com inovação no manejo de fauna silvestre
Além da execução da técnica, Sayuri leva consigo um banco com 430 penas de 142 espécies diferentes, garantindo compatibilidade e precisão na aplicação. A ação será realizada entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, com apoio do Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-azul-de-lear, coordenado por Érica Pacífico, e o criadouro Fazenda Cachoeira, onde as aves passaram pela reabilitação inicial. Segundo Érica, a participação da bióloga representa um divisor de águas para a soltura das araras. “Ela tem artigo científico publicado, domínio absoluto da técnica e uma generosidade enorme em compartilhar conhecimento”, afirma.
A iniciativa é parte de um esforço maior para recuperar a população da arara-azul-de-lear, que esteve à beira da extinção no início dos anos 2000, quando restavam apenas 200 indivíduos na natureza. Graças aos projetos de manejo e reprodução, o número atual é estimado em 2.250, ainda insuficiente para reverter sua classificação de risco. O Governo de São Paulo é um dos parceiros do Programa de Manejo Populacional coordenado pelo ICMBio, e já contribuiu com 26 filhotes nascidos em cativeiro desde 2015, nove dos quais foram destinados à soltura no Boqueirão da Onça.
Com a aplicação da técnica paulista em campo, a expectativa é acelerar a recuperação dessas aves e reforçar o grupo populacional da região. A união entre ciência, experiência prática e trabalho colaborativo fortalece a esperança de que a espécie possa voltar a voar livremente pelos céus da caatinga nordestina.
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