Ciência e Tecnologia • 08:32h • 27 de setembro de 2025
Apenas 13% dos pacientes respondem a questionários após cirurgia de próstata em um ano
Pesquisa realizada em São Paulo mostra queda de 40% para 13% nas respostas em um ano, mas confirma melhora progressiva da continência urinária e da função sexual dos pacientes
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Sensu Comunicação | Foto: Divulgação
A avaliação da qualidade de vida dos pacientes após tratamentos oncológicos é considerada cada vez mais essencial, mas enfrenta desafios práticos. Pesquisa publicada em julho de 2025 no Brazilian Journal of Health Review analisou a adesão de 704 homens submetidos à prostatectomia radical entre 2020 e 2023 e revelou baixa participação no preenchimento de questionários clínicos. A taxa de resposta caiu de 40,4% logo após a cirurgia para 17% em seis meses e 13,3% em um ano.
Apesar da limitação no número de respostas, os dados confirmam recuperação gradual da função urinária e sexual ao longo do tempo. A continência urinária foi relatada por 75,6% dos pacientes em seis meses e por 82,4% em doze meses, alcançando 94,8% de retorno da função entre aqueles que já eram continentes antes da cirurgia. A função sexual, preservada por 33,3% dos pacientes em seis meses, atingiu 37,6% em um ano, correspondendo a 73,1% de retorno entre os que eram potentes antes do tratamento.
Segundo o urologista Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica da Beneficência Portuguesa e um dos autores do estudo, esses dados evidenciam que os efeitos adversos da cirurgia podem ser temporários. “Medir a qualidade de vida é indispensável para saber se a cirurgia realmente trouxe benefício global em comparação a outras terapias”, destaca. Para o especialista, complicações como incontinência e disfunção erétil impactam não apenas a saúde física, mas também a autoestima e as relações sociais.
O estudo também chama atenção para a dificuldade de engajar pacientes no preenchimento de instrumentos como o questionário EPIC-26, usado internacionalmente para avaliar aspectos funcionais e psicossociais. Guimarães avalia que muitos homens veem a tarefa como burocrática, sem perceber sua relevância no acompanhamento. Para ampliar a adesão, os autores sugerem medidas como questionários mais curtos, integração aos prontuários eletrônicos, apoio de profissionais de saúde durante o preenchimento, linguagem mais acessível e até envolvimento da família como incentivo.
Enquanto pesquisas internacionais, como o britânico Protect Trial, registram taxas de resposta próximas a 85%, a realidade brasileira ainda está distante desse cenário. O levantamento reforça que ouvir a percepção do paciente é indispensável para construir práticas médicas mais completas e alinhadas aos modelos de saúde baseados em valor. “Sem ouvir o paciente, corremos o risco de medir apenas o sucesso biológico, mas não o humano”, conclui Guimarães.
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