Saúde • 15:39h • 22 de agosto de 2025
Ansiedade infantil cresce no Brasil e já afeta crianças antes dos 10 anos
Estudo do INPD aponta manifestações antes dos 10 anos, enquanto terapeutas adaptam técnicas para ajudar crianças a lidar com emoções precoces
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Divulgação

O número de crianças diagnosticadas com ansiedade aumentou 27% no Brasil nos últimos cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento (INPD). Os sintomas, que se manifestam muitas vezes antes dos 10 anos de idade, incluem dores de barriga recorrentes, insônia, irritabilidade e isolamento social. O quadro tem mobilizado famílias, escolas e profissionais de saúde a buscar alternativas de apoio.
De acordo com o psicólogo Jair Soares dos Santos, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) e criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), a ansiedade infantil costuma ser mal interpretada. “A ansiedade na infância muitas vezes se expressa por meio de dores físicas ou mudanças abruptas de comportamento. Por desconhecimento, esses sinais são confundidos com birra, desobediência ou agitação típica da idade”, explica.
Soares, doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores, na Argentina, destaca que o sofrimento emocional infantil tende a ser silencioso e, por isso, passa despercebido. Casos como crises de choro sem motivo aparente, resistência ao sono ou explosões de raiva são, segundo ele, pedidos de ajuda que merecem atenção. Entre os fatores que contribuem para o quadro estão a insegurança emocional, a sobrecarga sensorial e a ausência de espaços adequados para a expressão de sentimentos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os transtornos de ansiedade como uma das principais causas de sofrimento mental em crianças e adolescentes em todo o mundo. No Brasil, a Fundação Fiocruz aponta que uma em cada quatro crianças de 6 a 12 anos apresenta sintomas de angústia emocional crônica, muitas vezes sem diagnóstico.
Nesse cenário, a TRG tem sido adaptada para o público infantil, por não exigir verbalização direta das emoções. A técnica permite acessar experiências precoces que influenciam o comportamento atual e tem se mostrado eficaz em respeitar o tempo emocional da criança. Ainda assim, especialistas reforçam que o acompanhamento familiar é fundamental. “A criança está inserida em um sistema emocional. Não adianta tratá-la isoladamente. Em muitos casos, os pais também carregam dores que se refletem nos filhos”, orienta Soares.
O IBFT alerta que o tratamento da ansiedade não deve se limitar à medicalização precoce, já que isso pode mascarar a origem do sofrimento e comprometer o desenvolvimento emocional. A proposta é enxergar os sintomas como sinais legítimos de angústia psíquica. “Uma infância ansiosa é um alerta de que algo precisa ser olhado com mais cuidado. E é justamente nesse momento que temos a chance de prevenir o adoecimento emocional na vida adulta”, conclui o psicólogo.
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