Gastronomia & Turismo • 12:36h • 09 de julho de 2025
Alimentos fake: como identificar e evitar os vilões silenciosos do prato brasileiro
Ultraprocessados dominam a dieta de adolescentes brasileiros e aumentam o risco de doenças graves, destaca especialista em nutrição
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

Mais da metade das calorias ingeridas por adolescentes no Brasil vêm de alimentos ultraprocessados, segundo estudo do IBGE em parceria com o Ministério da Saúde. O dado acende um alerta para o consumo silencioso e diário de produtos industrializados que, embora pareçam inofensivos ou saudáveis, trazem sérios riscos à saúde.
Para Paula Macedo, professora do curso de Nutrição da Faculdade Santa Marcelina, o perigo está no hábito de consumir o que ela chama de “alimentos fake” — produtos formulados para imitar alimentos verdadeiros, mas que têm composição inferior, cheios de aditivos químicos. “Eles passam por vários processos industriais e contêm substâncias que não usamos em casa, como corantes, conservantes, emulsificantes e aromatizantes artificiais”, explica.
Entre os principais vilões estão os salgadinhos de pacote, refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo e bebidas lácteas adoçadas. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o consumo de ultraprocessados aumenta em 29% o risco de obesidade, além de estar relacionado ao desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e câncer.
Apesar dos riscos, esses produtos continuam a encher prateleiras e carrinhos de compras graças a estratégias de marketing agressivas e embalagens atrativas. “Termos como ‘fit’, ‘zero’, ‘rico em vitaminas’ e ‘natural’ são usados para atrair o consumidor, mas muitas vezes escondem combinações perigosas de açúcares, sódio e gorduras trans”, alerta Paula.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) aponta que um aumento de apenas 10% no consumo de ultraprocessados na dieta está associado a um risco até 15% maior de mortalidade precoce. Mesmo com avanços como a rotulagem frontal obrigatória implantada pela Anvisa em 2022, a especialista observa que ainda há dificuldade generalizada em reconhecer alimentos prejudiciais.
Para Paula, a solução passa por educação alimentar efetiva e políticas públicas mais rigorosas. “Falta educação alimentar nas escolas, nas unidades de saúde e nas campanhas de mídia. O nutricionista deveria liderar esse processo, orientando escolhas mais conscientes. Precisamos taxar esses alimentos, como já ocorre com cigarro e álcool, e oferecer incentivos para o consumo de alimentos in natura”, defende.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Ciência e Tecnologia
Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025
Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital