Saúde • 14:09h • 05 de junho de 2024
Alerta: Especialistas questionam diagnósticos e tratamentos de TDAH em crianças
Uso excessivo de medicamentos e equívocos em diagnósticos de TDAH preocupam profissionais
Da Redação | Com informações do Governo de SP | Foto: Divulgação
Pesquisadoras em São Paulo estão levantando preocupações significativas sobre os diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças. Especialistas alertam para um possível exagero na identificação do transtorno e no uso de medicamentos para seu tratamento.
Anaísa Leal Barbosa Abrahão, doutora em Psicologia pela USP, destaca que o TDAH é um transtorno de neurodesenvolvimento, mas adverte sobre a falta de um marcador biológico específico e a influência de fatores ambientais e genéticos na condição.
A neurologista Alicia Coraspe, também da USP, classifica o TDAH em três tipos: hiperativo/impulsivo, desatento e misto/combinado. Ela enfatiza a importância de entender as variações dos sintomas ao longo das faixas etárias para um diagnóstico preciso e menos estigmatizado.
Ambas as especialistas concordam que o diagnóstico na infância necessita de uma avaliação cuidadosa para diferenciar comportamentos típicos da idade daqueles relacionados ao transtorno. Coraspe menciona que as mudanças no estilo de vida moderno, como o aumento do uso de telas e a rotina agitada dos pais, podem levar a diagnósticos questionáveis.
Anaísa ressalta que uma pesquisa realizada na USP em 2022 revelou que, de 43 crianças avaliadas com diagnóstico prévio de TDAH, apenas três preenchiam efetivamente os critérios para o transtorno quando submetidas a avaliações específicas. Além disso, observou-se um uso generalizado de metilfenidato, com poucas melhorias significativas nos sintomas ou nos problemas comportamentais relatados.
As pesquisadoras defendem uma abordagem mais holística no tratamento do TDAH, sugerindo a inclusão de intervenções psicossociais junto ao tratamento farmacológico, quando necessário. Coraspe salienta que uma rotina bem estruturada e bons hábitos de vida são essenciais para o manejo eficaz do transtorno.
Este alerta sobre o TDAH ressoa com a campanha "Não à Medicalização da Vida", promovida pelo Conselho Federal de Psicologia e outros órgãos, que discute os riscos da medicalização excessiva e os potenciais estigmas que podem afetar crianças diagnosticadas com o transtorno.
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