Mundo • 12:07h • 22 de novembro de 2024
A relevância e a contribuição histórica e cultural da população negra no Brasil
MinC reafirma o papel da cultura no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial
Da Redação/Agência Gov | Foto: Divulgação/ Pontão Ancestralidade Africana no Brasil
“São milhares os levados da herança africana em solo brasileiro, mesmo depois de 388 anos do comércio de vidas humanas e da subjugação do povo negro no Brasil, houve resistência e luta, e por isso estamos aqui". A afirmação da ministra da Cultura, Margareth Menezes, marca o reconhecimento da trajetória e contribuição da população negra na construção social e cultural do Brasil. Na última quarta-feira, 20 de novembro, pela primeira vez na história, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra será celebrado como feriado nacional. A data foi oficializada pela Lei 14.759/23, promulgada em 2023, e marca a luta antirracista, além de refletir sobre a relevância e a contribuição histórica e cultural da população negra no Brasil.
“Não há como falar de consciência negra sem reconhecer a importância central da cultura negra e dos movimentos culturais negros, que resistiram e resistem às tentativas de apagamento e lutaram pela preservação de conhecimentos que evidenciam o papel protagonista da população negra na formação deste país”, frisa Mariana Braga, assessora de Participação Social e Diversidade do MinC.
Celebrando o Dia 20 de novembro, o MinC, além de reconhecer as lutas e conquistas dos movimentos negros, reafirma o papel da cultura no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial. O órgão também enaltece e celebra a cultura negra e as manifestações culturais afro-brasileiras, presentes na culinária, na música, na literatura, nos monumentos, nas vestimentas, na religião, entre outros aspectos, que compõem a identidade do Brasil e do seu povo.
Fortalecimento
“O MinC implementa, hoje, ações afirmativas em todo o país, orientando a centralidade da participação social nesse processo. Para além das cotas, as iniciativas visam proteger e fomentar a cultura negra, transversalmente, em todas as linguagens, segmentos e expressões. Além disso, buscamos superar assimetrias de acesso e assegurar o direito das pessoas negras trabalhadoras da cultura ao fomento de seus projetos culturais”, afirma Mariana Braga.
Ela destaca como o MinC vem implementando estratégias para garantir o protagonismo das pessoas negras que fazem arte e cultura, não somente de forma representativa, mas também promovendo avanços em discussões urgentes no campo cultural, como, por exemplo, os direitos de propriedade intelectual de mulheres quilombolas.
Lançada este ano, a Campanha Cultura Negra Vive destaca eventos e iniciativas de combate ao racismo, como o Mapa do Brasil pela Igualdade Racial. Com um hotsite dedicado, a campanha incentiva o cadastro de eventos como rodas de conversa, exposições e palestras que enaltecem a cultura negra.
A ação integra a ação de mesmo nome do Governo Federal e promove a conexão simbólica entre o Dia Nacional da Cultura, celerado no dia 5 de novembro. Além disso, conta com a participação do Ministério da Igualdade Racial (MIR), do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), bem como da Fundação Cultural Palmares.
A Rede Nacional de Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura é uma p olítica pública do Ministério da Cultura (MinC), desenvolvida pela Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli), que conta hoje com 68 organizações . A iniciativa que proporciona um enlace entre cultura e meio ambiente por meio d e oficinas realizadas por entidades da sociedade civil, faz endo nascer , nas cinco regiões brasileiras , diversas metodologias e possibilidades de aprendizagem nos territórios, inclusive, quilombolas.
Cotas
Os editais de fomento da LPG garantem cotas étnicas e raciais, com no mínimo 20% das vagas para pessoas negras. Já os editais da PNAB reservam 25% das vagas para pessoas negras.
Financiado pela LPG, o projeto Vozes de Ébano é exemplo disso. Em agosto deste ano, apresentaram o espetáculo Minha Voz é Resistência, realizado em Palmas, Tocantins. Com equipe majoritariamente negra, o show celebrou o protagonismo feminino negro através da música, poesia e mensagens de empoderamento.
Encabeçado por três artistas negras, o espetáculo trouxe manifestações de identidade, orgulho e luta, revelando a riqueza e a diversidade da cultura negra. O projeto incluiu mensagens educativas em redes sociais e materiais publicitários.
O repertório do show mesclou gêneros e estilos, desde os primeiros tempos do jazz e do blues até sucessos contemporâneos da música pop, R&B e Hip-Hop, com canções de artistas como Elza Soares, Alcione, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Sandra de Sá, Mart’nália, Iza, Margareth Menezes e Fat Family, entre outras referências. O show é intercalado por poesias e textos de autoras como Victoria Santa Cruz e Conceição Evaristo.
“Quando mulheres negras sobem ao palco para cantar suas histórias e experiências, o produto principal não visa apenas entreter, mas também educar, inspirar e motivar outras mulheres a se reconhecerem e se valorizarem. Isso representa um marco de resistência e reafirmação da nossa identidade. Estamos quebrando barreiras e mostrando que nossa voz tem potência, que nossa cultura é vibrante e que nossa luta é legítima”, afirma a cantora, atriz e produtora cultural Cinthia Abreu.
A Fundação Nacional das Artes (Funarte) também adotou essa lógica e mais de 50% dos contemplados pelos editais lançados pela vinculada são pessoas negras, indígenas ou PCDs.
Pontões de cultura e combate ao racismo
Foto: Divulgação/ Pontão Ancestralidade Africana no Brasil
Outra ação, promovida por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), é a Política Nacional Cultura Viva (PNCV), que reconhece e fomenta grupos culturais nos territórios que compõem a diversidade cultural do país. Atualmente, o Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura contabiliza mais de 6.947 registros, sendo que 708 são de matriz africana.
Entre os destaques, está o Pontão Ancestralidade Africana no Brasil, que lançou a campanha Tradições de Matriz Africana Contra o Racismo. A iniciativa convoca artistas, ativistas, coletivos, organizações, entidades e instituições públicas e privadas a se unirem na construção de um calendário unificado de atividades que valorizem essas tradições. Até o momento, já foram cadastradas 54 iniciativas, que envolvem um público de mil pessoas.
O fundador do Centro Cultural Orùnmilá, Bàbá Paulo Ifatide, destaca o papel estratégico da cultura no combate ao racismo.
“Reverter o imaginário negativo é essencial para a afirmação da nossa humanidade e de nossos direitos, inclusive à vida. Os Pontões são ferramentas de formação, articulação em rede e promoção da cultura negra”, conta.
Ele também ressalta a importância dos Pontões de Cultura de Matriz Africana, criados para fortalecer e dar visibilidade às tradições culturais negras. “São ferramentas de formação, articulação em rede, promoção da cultura negra e engajamento da sociedade no combate ao racismo”, avalia.
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