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Educação • 14:36h • 08 de outubro de 2024

67% dos professores em formação estudam em EaD, revela relatório do Inep

CNTE defende que formação inicial de docentes seja presencial e nas universidades públicas, podendo EaD ser ofertado nas formações continuadas

Da Redação/CUT | Foto: Divulgação/MCTIC

Dos estudantes ingressados nas licenciaturas no setor privado, 93,5% ocorrem à distância. Na rede pública, 70,2% são ofertados presencialmente.
Dos estudantes ingressados nas licenciaturas no setor privado, 93,5% ocorrem à distância. Na rede pública, 70,2% são ofertados presencialmente.

Mais da metade das universitárias e universitários brasileiros em cursos de formação de professores, como pedagogia e licenciaturas, estudam à distância, o modelo EaD. Quem apresenta esse dado é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC), no Censo da Educação Superior 2023, divulgado na quinta-feira (3).

O documento reúne as principais informações sobre o cenário da educação superior do Brasil. Durante a apresentação dos resultados, realizada na sede do Inep, em Brasília, foi revelado que, em 2023, cerca de 67,1% dos matriculados em curso de formação inicial de docentes estavam na modalidade à distância. Considerando apenas os que ingressaram na graduação no ano passado, 81% escolheram a modalidade EaD.

A rede privada ficou na frente da rede pública em número de matriculados em cursos de licenciatura, com mais de 500 mil universitários a mais (1.097.982 na privada contra 572 mil na pública). Das vagas ofertadas em instituições de ensino superior privadas, 90% das licenciaturas são ministradas à distância. Nas públicas, apenas 19,7% são ofertadas nessa modalidade.

Dos estudantes ingressados nas licenciaturas no setor privado, 93,5% ocorrem à distância. Na rede pública, 70,2% são ofertados presencialmente.

“Esse número EaD é a mostra da presença do privado na educação. Ele não prima tanto pela qualidade, mas sim pela obtenção de lucros. É lamentável que se tenha um número tão alto quanto esse”, avalia a secretária-Geral da CNTE, Fátima Silva.

Qualidade do ensino

Os dados têm sido motivo de preocupação para o MEC e especialistas sobre o assunto. Eles temem a qualidade da formação dos profissionais que estão ingressando na profissão.

“O resultado disso está na qualificação dos professores, sua própria condição e dos seus saberes. Não podemos admitir ter educadores que nunca participaram de um processo de formação com seus pares dentro do processo educacional normal”, reforça Fátima.

Para a CNTE, a formação inicial dos educadores deve ser feita na modalidade presencial e nas universidades públicas, podendo a formação continuada ser ministrada com o ensino à distância.

“Embora entendamos que o Brasil possui uma dimensão continental e o ensino à distância tem que ser levado em conta, acreditamos que uma boa formação precisa ter uma base, e essa base se dá na presencialidade e nas convivências, principalmente, para a formação de professores… Que somente após ter completado a sua graduação inicial presencialmente, o professor possa fazer uma formação continuada na forma EaD”, explica.

Em maio deste ano, o MEC estabeleceu regras para a formação de docentes no ensino à distância, determinando o mínimo de 50% da carga horária presencial.

Além disso, em julho deste ano, houve a reformulação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Por meio da Portaria n.º 610/2024, a medida busca aperfeiçoar os métodos de avaliação dos cursos de formação docente.

Com mudanças nas matrizes de referências e nos objetivos da prova, o exame terá um maior foco na avaliação das competências docentes do que nos conteúdos de cada curso. As competências e habilidades práticas docentes desenvolvidas pelos estudantes em estágios supervisionados obrigatórios também serão avaliadas.


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