Ciência e Tecnologia • 19:33h • 22 de setembro de 2025
Estudo da Unesp redefine formato de fóssil de 550 milhões de anos com uso de acelerador de partículas
Análise de mais de 200 exemplares indica que interpretações anteriores confundiram efeitos da fossilização com a morfologia original do animal
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Divulgação

Pesquisadores da Unesp participaram de um estudo que revisita um dos fósseis mais antigos já conhecidos, a Corumbella weneri, espécie que viveu há cerca de 550 milhões de anos. O trabalho, publicado em abril na revista Royal Society Open Science, analisou mais de 200 fósseis utilizando metodologias avançadas, incluindo até acelerador de partículas, e contesta ideias defendidas ao longo de décadas sobre a morfologia do animal.
Descrita em 1982 a partir de exemplares encontrados em uma mina de calcário em Ladário (MS), a Corumbella foi uma das primeiras espécies a desenvolver um esqueleto. Seu corpo tubular, séssil e protegido por anéis rígidos de carbonato de cálcio formava agrupamentos que cobriam o fundo do mar e representaram os primeiros recifes da Terra. Apesar do consenso sobre essas características gerais, detalhes sobre sua estrutura ainda geravam controvérsia entre os cientistas.
As primeiras reconstituições sugeriam que o animal teria uma extremidade bifurcada. Anos depois, surgiu a hipótese de que sua parte superior seria quadrangular, semelhante a uma caixa de pasta de dentes. Segundo os pesquisadores da Unesp, essas interpretações se basearam em marcas resultantes da fossilização — conhecidas como tafonomia — e não na forma real da espécie.
O novo estudo conclui que a Corumbella tinha um formato cônico-cilíndrico simples, formado por anéis justapostos, e que muitos dos traços antes considerados parte da anatomia eram, na verdade, deformações do processo de fossilização. “O tubo dela era mais simples do que se imaginava, e vinha confundindo os especialistas há décadas”, explica o professor Marcello Simões, da Unesp de Botucatu.
A descoberta reforça como novas tecnologias e abordagens permitem revisitar o registro fóssil e aprimorar o entendimento sobre os primeiros animais que habitaram o planeta, abrindo caminho para reinterpretar outros fósseis igualmente enigmáticos do período Ediacarano.
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