Educação • 20:38h • 07 de outubro de 2025
Brasil perde 6,7 milhões de leitores, mas inovação e incentivo infantil podem reverter o cenário
Estudo “Retratos da Leitura no Brasil” mostra queda de milhões de leitores; especialista da Saber Educação defende incentivo desde a infância e uso de ferramentas digitais para reconectar o país aos livros
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da RPMA | Foto: Arquivo/Âncora1

O Brasil está lendo menos. De acordo com a 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em 2024 pelo Instituto Ipec, 53% dos brasileiros não leram sequer parte de um livro nos três meses anteriores à coleta dos dados. O número representa uma redução de 6,7 milhões de leitores em comparação à edição anterior do estudo, e acende o alerta sobre o impacto cultural e educacional dessa tendência.
Por outro lado, há sinais de esperança. A Bienal Internacional do Livro de São Paulo de 2024 registrou aumento de 20% no público infantojuvenil, mostrando que eventos literários continuam sendo importantes estímulos à leitura. Para Flavia Bravin, sócia e diretora sênior da Saber Educação, o dado reflete o poder das ações que aproximam leitores, autores e editoras.
“O contato direto com os autores, a experiência de vivenciar o universo dos livros e a diversidade de títulos ajudam a despertar o interesse de novas gerações. Ler é um ato de vínculo emocional, e quando o leitor se sente parte desse universo, o hábito se fortalece”, analisa.
O papel das escolas e da tecnologia
Segundo Flavia, as instituições de ensino têm papel decisivo na formação de leitores, especialmente quando a leitura é apresentada de forma prazerosa e integrada ao cotidiano escolar. “Inovar na forma de ensinar literatura é essencial. Atividades lúdicas, metodologias criativas e plataformas digitais com catálogos de obras infantojuvenis ajudam a transformar a leitura em uma experiência envolvente e significativa”, explica.
Essas soluções combinam qualidade literária com interatividade, permitindo que crianças e jovens se conectem ao universo dos livros de forma mais natural e personalizada. A especialista reforça que formar leitores exige constância e estímulo desde a infância, algo que não pode ser delegado apenas à escola.
O impacto da família e da primeira infância
Dados da Fundação Itaú Social (2022) mostram que crianças que têm contato com livros desde cedo apresentam desempenho até 30% melhor em habilidades de linguagem. Ainda assim, apenas 32% das famílias brasileiras com crianças de 0 a 5 anos afirmam ler para elas com frequência semanal.
A leitura compartilhada é um dos fatores mais determinantes na formação do gosto pela leitura, pois cria vínculos afetivos e desperta curiosidade. “Pais e responsáveis são os primeiros mediadores do livro. Quando a leitura faz parte da rotina familiar, ela deixa de ser uma obrigação escolar e se transforma em prazer”, avalia Flavia.
Desafios e caminhos para o futuro
A pandemia agravou a defasagem educacional e interrompeu parte dos avanços no incentivo à leitura. Segundo levantamento da Unesco e do Todos pela Educação, o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabiam ler ou escrever chegou a 2,4 milhões em 2021, um aumento de 66,3% em relação a 2019.
Nos últimos anos, o Ministério da Educação tem tentado reverter o quadro com iniciativas como o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que oferece materiais didáticos e pedagógicos para apoiar professores e estudantes. Para Flavia Bravin, porém, políticas públicas precisam andar lado a lado com o incentivo cultural e tecnológico.
“Uma nação que lê pouco não evolui. A leitura é base da cidadania e do pensamento crítico. Precisamos unir escola, família e novas tecnologias para criar leitores de verdade não apenas alfabetizados, mas apaixonados por conhecimento”, conclui.
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